EDITORIAL – DA “VOZ” QUE SE OUVE À OUTRA QUE NEM SEMPRE SE FAZ OUVIR

No dia de ontem falou-se da “voz”, a voz física que nos sai da boca, para logo editorialcomunicarmos, para falarmos, para gritarmos, para cantarmos. Falemos da “voz” que temos, ou não temos, mas que podemos ter, na transmissão dos nossos pensamentos, dos nossos anseios, daquilo que consideramos ser os nossos direitos. Não deixa de ser a nossa “voz”.

Ontem falou-se do cancro da laringe (levando à morte de 400 pessoas/ano), cuja prevenção e diagnóstico precoce continuam a ser a melhor arma para combater, e efectuaram-se vários rastreios gratuitos. A Câmara Municipal de Lisboa e a Fundação GDA – Gestão dos Direitos dos Artistas assinaram um protocolo que permitirá aos artistas terem consultas de voz, com laringoscopia incluída, a preços comparticipados pela Fundação. A tal “voz” física, que nos sai da garganta.

A outra “voz” dos cidadãos como se espelha, como se faz ouvir? Pela votação na altura de eleições? Pela participação em partidos políticos que depois lutarão pela defesa dos seus programas? Agregando-se em organizações sindicais? Manifestando-se na rua quando a pressão aumenta? Organizando-se em movimentos cívicos que tomarão posições nas alturas que considerem propícias?

Como se faz ouvir a voz dos mais marginalizados? Como se faz ouvir a voz dos mais indefesos? Como se faz ouvir a voz das crianças ?

Não ouvimos, por sistema, quem tem força para se fazer ouvir? Quem possui órgãos de comunicação?

Lembremos que, para muitos, como diz Vergílio Ferreira (já que estamos no seu centenário) “O tempo que passa não passa depressa. O que passa depressa é o tempo que passou.”. Para muitos, essa “voz” nunca será ouvida.

Leave a Reply