EDITORIAL – O BRASIL NO MUNDO

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O Brasil é um dos grandes países do mundo. Não apenas pela sua grande dimensão, mais de oito milhões de quilómetros quadrados, quase o tamanho da Europa (incluindo a Rússia), ou por ter cerca de duzentos milhões de habitantes. Independente há quase duzentos anos, o Brasil tem atravessado períodos tremendamente agitados, na sua vida política e social, e a sua economia não tem conseguido superar grandes fragilidades. As diferenças sociais são muito grandes, e na fase actual da vida do país parecem querer agravar-se. O seu povo reclama, e com muita razão. Entretanto, problemas de grande dimensão como o desmatamento da Amazónia, a escassez de água em grandes concentrações urbanas como São Paulo, os problemas relacionados com os transportes públicos, as lutas dos sem-terra, parecem crescer sem solução à vista. Contudo, é preciso olhar para os problemas que afligem o Brasil como estando ligados ao que se passa noutros lados do mundo. E não apenas por ter de se levar em conta a influência dos interesses imperialistas, que vêem com maus olhos o que não conseguem controlar, mas também porque a problemática brasileira tem muito em comum com que o que se passa no resto do mundo.

Mesmo nos países e nas regiões que são geralmente tidos como mais desenvolvidos, dramas como os derivados do recrudescimento do racismo nos Estados Unidos e outros países, do desemprego maciço que se verifica em países e regiões considerados há muito como estando na vanguarda do desenvolvimento, e que agora se teme terem entrado numa espiral irreversível de decadência, das guerras de menor ou menor intensidade que assolam o Médio Oriente e outras partes do nosso planeta, ou os conflitos proto-imperialistas que parecem renascer entre a China e o Japão, são sintomas do mesmo fracasso: a incapacidade de superar os conflitos de interesses entre poderes, em moldes que levem em conta os interesses da maioria das pessoas. Dirão que alguns destes conflitos assentam em ideários e costumes muito enraizados nas pessoas. Mas o progresso, em todas as épocas, passou por superar idiossincrasias e costumes mais retrógrados, na procura de atingir metas e princípios mais elevados. Viu-se isso claramente em épocas recentes. E sem dúvida que no futuro terá de passar por aí, para se poder chegar a tempos melhores.

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