Histórias de solidão? Histórias de amor? Histórias de poder? Ou histórias de morte? De tudo um pouco.
Eram 118, perdidas e reescritas, as histórias do projecto inicial. Ficaram 12.
Pode ser a prostituta que prepara antecipadamente o seu funeral, ou o pai que espera pacientemente, ao longo de cinco papados a canonização de sua filha, ou duas crianças que tentam fugir de uma preceptora alemã.
“A primeira idéia me ocorreu no começo da década de setenta, a propósito de um sonho esclarecedor que tive depois de estar há cinco anos morando em Barcelona. Sonhei que assistia ao meu próprio enterro, a pé, caminhando entre um grupo de amigos vestidos de luto solene, mas num clima de festa. Todos parecíamos felizes por estarmos juntos. E eu mais que ninguém, por aquela grata oportunidade que a morte me dava de estar com meus amigos da América Latina, os mais antigos, os mais queridos, os que eu não via fazia tempo. Ao final da cerimônia, quando começaram a ir embora, tentei acompanhá-los, mas um deles me fez ver com uma severidade terminante que, para mim, a festa havia acabado. “Você é o único que não pode ir embora”, me disse. Só então compreendi que morrer é não estar nunca mais com os amigos.”