Vão longe os tempos em que se fazia equivaler a descoberta de petróleo a haver riqueza e prosperidade. A constatação de que alguns países do mundo teriam melhorado a sua situação graças à exploração de petróleo e gaz deu lugar a outras duas: a primeira, de que nem mesmo o petróleo, ou o gaz natural, mesmo quando explorados com todas as cautelas, chegam, só por si, para assegurar o desenvolvimento sustentado de um país ou de uma região, podendo mesmo pôr em risco o ambiente e a vida social local; a segunda, de que a exploração do “ouro negro”, cada vez mais difícil e custosa devido ao elevado consumo, se tende a concentrar em cada vez menos mãos, e que os titulares dessa exploração procuram sem excepção sobrepor os seus interesses a todos os demais. Esses titulares têm desenvolvido estratégias a longo prazo, com o objectivo principal de manterem o seu domínio na economia e na vida mundial. Procuram fazer prospecção de recursos em todos os cantos e recantos do planeta, e desenvolver tecnologias que lhes assegurem alternativas, com a maior rentabilidade. E hostilizam as soluções que possam pôr em causa a sua posição privilegiada.
Portugal consta das agendas desses líderes da exploração do petróleo e afins há bastantes anos. Não é necessário recordar a recente catástrofe ambiental no Golfo do México, ou os derrames do Prestige e do Exxon Valdez, e de tantos outros, para ter uma ideia dos riscos possíveis. Assinale-se para já que a exploração petrolífera no nosso país poderá pôr em risco o turismo, a agricultura e as pescas, e o ambiente em geral. Os movimentos sociais contra a prospecção de petróleo e afins têm indiscutivelmente razão de ser. Antes de se tomar compromissos ainda maiores dos que já existem faça-se uma análise pública da situação e das opções possíveis. E exija-se prioridade aos interesses dos portugueses, com particular destaque para a segurança e o bem-estar.
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