A dívida externa portuguesa é, hoje em dia, o principal obstáculo à estabilidade do país e ao seu crescimento económico e social. Os maus anos que se passaram estão aí para o demonstrar. Entretanto, depois de, durante esses anos, termos sido bombardeados intensamente com slogans insistindo na ideia de que nós portugueses, em bloco, temos vivido acima das nossas possibilidades, e de termos tido a imposição das chamadas políticas de austeridade, estamos a braços com uma dívida externa cada vez maior, que põe em risco permanentemente o equilíbrio das contas nacionais, com a enorme conta de juros a pagar. O recente pagamento antecipado de cerca de dois mil milhões ao FMI (que cobra juros bastante elevados) não chega de modo nenhum para considerar a situação como atenuada sequer.
A alteração política após as eleições de Setembro de 2015 tem permitido uma viragem na política dominante, até por que é cada vez mais claro o peso que tem tido na situação financeira e económica portuguesa a gestão errada das instituições bancárias e financeiras. Mas é preciso notar que se há indícios de melhorias na situação económica, são muito reduzidos. O alívio da dívida apresenta-se como o caminho indispensável, dentro do sistema vigente, para se conseguir alcançar a melhoria das contas e da economia. A questão é: haverá mesmo interesse da parte dos líderes das instituições europeias e do sistema financeiro internacional (FMI e governo norte-americano internacional incluídos) nesse alívio de dívida? Quererão pôr em causa assim o que lhes dá tanto lucro? É verdade que na Grécia (clicar no primeiro link abaixo) estão a decorrer negociações sobre o assunto e alguma coisa já foi feita. Mas o relativo secretismo mantido sobre o que tem sido feito indicia haver pouco interesse em operações mais ampliadas. A conjuntura política actual, incluindo o resultado do referendo italiano e as expectativas sobre as eleições francesas em Abril próxima, também estarão a pressionar os líderes acima referidos, mas o sistema capitalista (aquilo a que chamam os mercados) não é compatível com a democracia e vive dos lucros e das rendas, que impõe como a verdade absoluta.
Propomos que cliquem nos links seguintes:
http://www.infogrecia.net/2016/12/eurogrupo-aprova-primeiro-alivio-da-divida-grega/
https://www.publico.pt/2016/11/22/economia/noticia/governo-antecipa-pagamento-da-divida-1752101