UMA FORMA DE ARTE VIVA E TEMPORAL por Luísa Lobão Moniz

olhem para  mim

Há muito tempo que tento compreender o que leva as pessoas a tatuarem os seus corpos.

A tatuagem é uma das formas de tornar o corpo diferente. Trata-se de um desenho permanente inscrito na pele.

Quem tatua e quem é tatuado considera a tatuagem uma forma de arte viva e temporal,

desaparece com a morte do corpo.

A tatuagem era, até há bem pouco tempo, irreversível, agora já se pode dizer que é possível retirá-la, mas nada garante que desapareça totalmente, pode deixar cicatrizes e variações de cor na pele.

Há estudos que localizam a origem da tatuagem no Egípto.

A tatuagem foi e é utilizada em alguns rituais religiosos, foi proibida pelo Papa, na Idade Média, porque estava considerada uma prática demoníaca, como acto de vandalismo do próprio corpo.

A origem e motivação pela tatuagem perdem-se no tempo e no local. Com a globalização, com a circulação dos marinheiros ingleses, a tatuagem foi sendo adoptada pelas regiões por onde passavam e era solicitada principalmente por marginais.

 Assim, a partir daí, a tatuagem ganhou uma nova conotação. Só os fora-da-lei se tatuavam, no Ocidente.

Durante a Segunda Guerra Mundial a tatuagem foi utilizada por soldados e marinheiros que tatuavam o nome das mulheres e das mães, no seu corpo.

Com a expansão do Cristianismo, a tatuagem começou a entrar em desuso. Em algumas culturas indígenas, a tatuagem significava a passagem da infância para a fase adulta.

Tribos locais usam a tatuagem para se diferenciar de certos clãs e grupos étnicos.

Para quem o corpo é sagrado (Judaismo) a prática da tatuagem é proibida, a única modificação aceite no corpo é a circuncisão.

Hoje em dia, devido à circulação de informação pela televisão e por meios de comunicação como a internet, o desejo de ter uma tatuagem é cada vez mais visível e atravessa todas as camadas sociais, apesar de ser considerada uma arte marginal.

O Governo da Inglaterra considerou a tatuagem como uma forma de identificação de criminosos em 1879.

No século XX a tatuagem é considerada como forma de identificação negativa, lembra as atrocidades dos campos de concentração.

Os temas das tatuagens variam conforme o tatuador e o tatuado são, por isso, inúmeros. Não existe uma forma definida.

De início era uma prática antinatural. Agora poderá ser um movimento simbólico social.

  Nenhuma teoria psicológica, psicanalítica, religiosa, antropológica ou médica apresentou uma explicação exclusiva e final para a tatuagem.

Será por uma vontade provocadora aos mais conservadores, será uma chamada de atenção perante os outros, será a necessidade de se agruparem como pessoas diferentes?

Será o vazio interior que busca alguma identidade?

 

Leave a Reply