EDITORIAL – AS ARMAS ROUBADAS – por João Machado

O caso das armas roubadas em Tancos é sem dúvida da maior gravidade. Num mundo violento como é o nosso, um acto destes não pode ser abordado com complacência, ou recorrendo ao passa-culpismo habitual. Ignorar as consequências óbvias é contribuir para o clima de irresponsabilidade que se vive a todos os níveis. Qualquer pessoa sensata percebe que o tráfico de armas serve sobretudo para agravar as tensões cada vez maiores por todo o mundo, que causam enorme número de vítimas, quer por acção directa, em guerras infinitas, quer por acção de fenómenos como os das migrações maciças, causadas por essas guerras. Analisando estes acontecimentos, mesmo de forma superficial, percebe-se que estamos perante pessoas a quem não interessam as consequências dos seus actos, apenas os seus lucros pessoais directos ou indirectos. A identificação dessas pessoas, e a sua punição, é sem dúvida da maior urgência, estejam elas directamente ligadas às forças armadas portuguesas ou não.

Para além disto, as estratégias de confrontação a diferentes níveis, que parecem entusiasmar muitas pessoas pouco esclarecidas, favorecem a proliferação de conflitos, locais, regionais ou mesmo maiores ainda, com o consequente incentivo à procura e “consumo” de material bélico (tem de se incluir aqui as vendas de armas à Arábia Saudita, Polónia e outras), favorecendo um negócio que moralmente está ao nível do tráfico de drogas (pesadas, alucinogéneas, etc.) e da escravatura branca (que atinge todas as raças e credos), e que parece ser ainda mais lucrativo do que estas pragas. E que a criminalidade, grande e pequena, se alimenta do ambiente gerado por estas estratégias. Por isso também é importante esclarecer o que se passou em Tancos e tomar as providências necessárias. Sem ceder às tentativas de aproveitamento político, que tanto têm dado nas vistas, nem, por outro lado, poupar quem está instalado, seja a que nível for.

Propomos algumas leituras à volta destes problemas:

http://observador.pt/2017/07/04/armas-a-venda-no-ebay-e-paradas-militares-com-arsenal-do-inimigo-equipamento-militar-e-roubado-em-varias-partes-do-mundo/

http://www.paulcraigroberts.org/2017/06/29/washington-war-16-years/

https://sputniknews.com/europe/201707061055275141-poland-us-patriot-missile/

 

2 Comments

  1. São considerações muito certas e pertinentes mas será que alguma vez o material em causa esteve em Tancos? Nunca deve ter entrado em Portugal mas foi pago por Portugal. São negócios realizados por figurões da criminalidade internacional que tem os seus representantes nesta nossa ditosa Pátria. Agora, para justificar a sua falta inventou-se um assalto.. É preciso não saber do que a casa gasta para não ver.CLV

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