Em 1981, de 26 a 28 de Agosto, realizou-se no Mónaco o 15.º Congresso do Teatro de Amadores e, de 27 de Agosto a 5 de Setembro, o 7.º Festival Mundial do Teatro de Amadores, numa organização conjunta da AITA/IATA e do Mónaco, cabendo-me a mim a representação da APTA – Associação Portuguesa do Teatro de Amadores, na qualidade de Presidente da sua Direcção e membro daquela Associação Internacional.
A APTA convidou a Secretaria de Estado da Cultura a nomear um seu representante, o que foi aceite, tendo aquele órgão governamental nomeado o actor, encenador e docente Carlos Cabral, que foi um excelente companheiro desta gloriosa jornada.
No Congresso fizeram-se representar 27 países; no Festival, estiveram representados 23 países, com 26 peças de teatro. Pela primeira vez Portugal esteve presente neste Festival, tendo a Direcção da APTA escolhido o TACC – Teatro de Amadores “Combate” do Cartaxo, que apresentou a sua criação colectiva «O Sonho do Palhaço».
A representação do TACC foi muitíssimo bem recebida pelo público e pela imprensa, tendo tido uma espectadora muito especial – a Princesa Grace do Mónaco.
No final, a Princesa Grace mostrou-me o seu agrado pelo espectáculo a que tinha acabado de assistir, assim como muitos dos Delegados ao Congresso. Prestigiámos o país, o que é sempre de assinalar.
Ao Congresso, apresentei uma Comunicação, «O Teatro de Amadores – Hoje», a qual foi muito bem recebida pela maioria dos Delegados, mas que desagradou profundamente ao Presidente da Mesa do Congresso, classificando-a como um documento político.
A esta posição reagiram alguns Delegados, um deles, o David, professor já então aposentado de nacionalidade inglesa, com um pequeno discurso de grande veemência, ao que o Presidente da Mesa não se mostrou capaz de reagir. Guardarei para sempre na minha memória o calor que o David colocou nas suas palavras, como também o abraço solidário que fez questão de me dar logo que acabou de falar.
Não resisto à tentação de vos relatar um episódio que se seguiu.
Depois dos vários comentários à minha Comunicação, inscrevi-me para falar, tornando-se evidente o desconforto do Presidente da Mesa, impossibilitado que estava de me impedir de o fazer.
Ora, sempre que a mim se referia, o Presidente da Mesa, suíço, que fazia gala de se dizer membro de um Rotary Club, chamava-me «Monsieur Marquês» e eu, quando me deu a palavra repetindo daquela forma o meu apelido, levantei-me para lhe dizer que a forma como pronunciava o meu nome era a mesma coisa que dizer em francês «Monsieur le Marquis», o que não era apropriado, para mais sendo eu republicano desde antes mesmo de ter nascido, sentando-me de imediato.
Fez-se um pequeno silêncio, a que se seguiu uma gargalhada quase geral. A partir daquele momento, o suíço membro de um qualquer Rotary Club evitou quanto pôde voltar a falar comigo.
Portela (de Sacavém), 2017-11-06
COMUNICAÇÃO
O TEATRO DE AMADORES – HOJE