PORQUE BATEM OS HOMENS NAS MULHERES? por Luísa Lobão Moniz

Porque batem os homens nas mulheres? “Nas mulheres não se bate nem com uma flor” estes homens devem confundir mãos e pés com flores.

 É estranho, não é? Certamente não querem estragar as flores!

Não é só nas mulheres que não se deve bater. E as crianças e os idosos, e os deficientes, e os outros todos, incluindo os homens, porque são maltratados?

Convivi com muitas mulheres maltratadas, umas com queixas na Polícia, outras com a queixa retirada por elas e mulheres que não contam a ninguém como é a sua vida de inferno.

“Ele até gosta de mim e dos filhos, mas quando chega a casa bêbado bate em todos…”

Muitas são as crianças que contam na escola a violência que existe em casa, e sempre o pai a querer demonstrar que ele é quem manda.

Estes pais violentos e maltratantes estão a reproduzir a sua infância e a sua adolescência, agora que são homens, que saem de casa para ir trabalhar, ou para ir ter com os amigos ao café, para beber mais uma cerveja, não são donos de nada, mas quase todos querem ser donos e mandar nas mulheres.

A mulher é para servi-los, para fazer o que eles dizem, é para cumprir com as tradições.

Discutem sobre futebol, falam da maneira como são as cadeias em Portugal e na Espanha… do que vão fazer quando saírem de precária…      Viram a cabeça, e assim ficam, até a rapariga, de roupa colada ao corpo, sair do café.

Já cheirando a álcool vão, então para casa, onde supostamente deviam estar a mulher e os filhos.

Ele já desconfiava…..ela anda com outro, e para ter a certeza logo que possa dá-lhe uma tareia que deixa marcas no corpo e nos sentimentos dos filhos.

Os filhos ao verem a violência entre os pais são também vítimas dessa violência.

Porque é que ele está a bater? Seremos nós, os filhos, os culpados, ou a mãe é que é culpada porque anda com outro homem… e o pai viu.

Não chegou a matar, mas atirou com uma tocha a arder para a mulher que tinha um bebe ao colo, também seu filho!

Três anos de cadeia. Sem arrependimento, voltava a fazer tudo o que fez.

Sempre senti que não basta os casos de violência serem tratados nos Tribunais (ainda bem que o são) para se ir educando uma sociedade com vista à igualdade de género. Falta qualquer coisa, pois falta.

Queremos saber como tem sido a vida das mulheres, quais as suas fragilidades e as fragilidades da sociedade. Sabemos que são maltratadas física e psicologicamente, sabemos com que sacrifícios vão educando os filhos, sabemos que vão transmitindo a fraqueza das mulheres, das crianças e o autoritarismo do homem.

É preciso fazer-se estudos sobre o comportamento do homem, não basta a explicação do álcool.

Não basta acolher as mulheres em casas próprias para esse efeito…

Porque é que os homens não sabem lidar com um Não da mulher?

Que significado tem para eles a ilusão do poder face às mulheres e às crianças?

O antropólogo Matthew  Gutmann tem-se dedicado ao estudo das “masculinidade” e das mulheres . Qual o papel dos homens hoje, como se adaptam aos novos tipos de famílias?

O homem, que chega a casa e senta-se a ver televisão à espera que o jantar esteja pronto e a mesa posta, está com tendência a acabar. Há uma percepção diferente dos papéis e funções dos homens e das mulheres, mas a violência continua.

As penas continuam a ser brandas em relação aos crimes cometidos.

O caso de violência contra as mulheres, mesmo aquelas que são figuras públicas e que os agressores são aqueles que já tiveram cargos importantes na sociedade, como são julgados?

É preciso uma cultura de boa relação entre todos, é preciso uma cultura de igualdade.

É preciso dar mais visibilidade aos comportamentos que transmitem serenidade e paz.

1 Comment

  1. Tanta “pergunta” desconhece que esta questão foi e continua a ser trabalhada por antropólogos, sociólogos e sobretudo, por psicanalistas e desemboca no mais puro idealismo, como é próprio de quem não investiga e não ‘conhece’ a dimensão dramática e problemática desta espécie ‘desumana’, dos genocídios à destruição ecológica do Planeta. Qualquer filme, como “O quadrado”, problematiza e ironiza convenientemente a clivagem entre moralismo ‘pedagógico’ elitista e comportamento sexual directo, ou seja o enorme fosso entre a performance do homem-gorila, no Museu de Estocolmo, o comportamento do curador na noite, a dançar e copular uma desconhecida, e a exibição de ginástica artística de meninas, exibindo-se dentro do “Quadrado” idealizado sociologicamente.

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