Ana Brandão lê o conto «O meu reino por um cavalo de pau», publicado no livro Monólogo a duas vozes (1986), de Mário Dionísio.
«Além do “tu”, que é da ordem natural das coisas, há o “vós” (o solene e untuoso “vós”: pensastes, quiserdes, julgaríeis), já quase morto, o coitado, mas ainda estrebuchado com vigor, o “vocemecê” ou “vomecê”, o agora universal “você”, ainda não há muito recebido à patada: “Você é estrebaria!”. E o “Senhor”, o “Senhora”, o “Menina”, o “Dona”, o “Senhora Dona”, o “Vossa Excelência” ou “Vocelência” ou “Vossência”, o “Excelentíssimo Senhor”, o “Excelentíssima Senhora”. E, ainda, o “Excelentíssima senhora Dona”, o “Ilustríssimo Senhor”, o “Excelentíssimo e Ilustríssimo Senhor”, o “Vossa Senhoria”. Estará a lista completa?»