ALTINO DO TOJAL, AUTOR DE OS PUTOS, DEIXOU-NOS

 O escritor nasceu a 26 de Julho de 1939, tendo-se tornado conhecido com a publicação do livro de contos “Os Putos”, um dos maiores êxitos de vendas das últimas décadas em Portugal. Morreu na Póvoa do Lanhoso a poucos dias de completar 79 anos.

Nascido em Braga, viveu naquela cidade até aos 27 anos. Foi redactor de jornais como “O Século”, “Diário de Notícias ” e “Comércio do Porto”. Estreou-se em 1964 com a publicação de “Sardinhas e Lua”, reeditado em 1973 numa versão aumentada e com o título “Os Putos”, que atingiu as 30 edições.

Este livro, entretanto aumentado com novos contos, foi levado aos palcos, teve edição em BD e transformou-se numa mini-série da RTP. Óscar Lopes referiu-se-lhe dizendo que o livro incluía “alguns dos melhores contos contemporâneos da infância e adolescência”.

Influenciado pelo realismo fantástico, Altino do Tojal foi muito marcado por uma tia que era professora primária e pelo avô que lhe criou a paixão pela arqueologia. Depois de ter viajado de forma aventurosa pelo estrangeiro, regressou a Portugal e trabalhou na Biblioteca Pública de Braga. No 25 de Abril era redactor de “O Século”. Depois trabalhou 17 anos no “Comércio do Porto”. Foi ainda autor de livros como “O Oráculo de Jamais”, “Ruínas de Gente”, “Bodas de Cem Mil Bárbaros” e “Histórias de Macau”.

(informação da Sociedade Portuguesa de Autores)

Na divulgação de seu livro afirma o autor:

«Com “Os Putos do Inverno” termino um livro de contos que surgiu na sua fase primitiva em 1964 – chamado então Sardinhas e Lua – e foi reaparecendo, a partir de 1973, com o título definitivo de «Os Putos», em edições sempre reforçadas com novos textos. Era já um grosso volume quando, em 1995. resolvi dar às suas cento e tal histórias uma arrumação que respeitasse a sequência em que tinham nascido, enquadrando-as nas estações da minha própria vida. Por isso, os contos publicados na juventude constituem “Os Putos da Primavera”, os da idade madura compõem “Os Putos do Verão”, os da barbicha a agrisalhar correspondem a “Os Putos do Outono”; enfim, os da velhice, agora saídos do secretismo íntimo da gaveta, são naturalmente “Os Putos do Inverno”. Fez-me bem escrever este livro, ou melhor, desentranhá-lo, conto a conto, na grande caminhada entre o berço e o túmulo, porque dei comigo a sublimar, pelo acto trasfigurador da criação literária, dificuldades de sobrevivência e fastios existenciais que, de contrário, exigiriam um estoicismo superior àquele de que sou capaz para serem toleráveis. Na verdade, embora desejando que Os Putos» fizessem doer a consciência tão cruelmente como os vivi, quis também que arrebatassem a imaginação tão magicamente como os sonhei.»

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