MOSTRA | 12 Out. – 28 Dez. ’18 | Sala de Referência | Entrada livre
Poeta, crítico e ensaísta, nasceu em Lisboa, a 12 de Outubro de 1928. Depois de ter feito o curso de Regente Agrícola na Escola Agrícola D. Dinis, licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas na Faculdade de Letras de Lisboa. Trabalhou durante largos anos na Junta Nacional das Frutas, tendo, já depois de 1974, desempenhando funções na Área de Espólios da Biblioteca Nacional (hoje Arquivo de Cultura Portuguesa Contemporânea), da qual se aposentou em 1993.
O seu nome aparece inicialmente ligado à revista Cassiopeia (1955), como um dos seus directores. A sua poesia, no essencial, permaneceu fiel a duas linhas: por um lado, uma defesa da «fraternidade», já vincada pelo realismo social; por outro, a não-abdicação da «singularidade», num tempo em que as esperanças utópicas se mostravam já em clara regressão. No plano poético, conjuga dois vectores, o ético e o estético, e a abertura a uma reflexão que problematiza o estar no mundo.
O gosto pela reflexão manifesta-se não apenas na prática poética, mas também no exercício de uma actividade crítica e ensaística que chegará até aos nossos dias. Na poesia, é esse gosto o responsável pelo seu tom frequentemente reflexivo, que tem um dos seus pontos culminantes em Meditação em Samos (1970). Neste livro, através de um diálogo com Pitágoras e outros nomes da filosofia antiga, privilegia-se o papel de um dos quatros elementos, o fogo, enquanto no conjunto inédito Respirar pela água, incluído na primeira reunião da sua obra poética, O fogo repartido: 1960-1980 (1983), privilegia-se o elemento água, constituindo em Corpo terrestre, vindo a público em 1972, mas anterior a Meditação em Samos, a terra, o fundamento arquetípico. Se considerarmos os livros reunidos em O fogo repartido, poderíamos distinguir duas fases na poesia de João Rui de Sousa:
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Uma primeira, até ao fim da década de 70, em que sobressai uma atitude interventiva, de resposta às questões colocadas pela História, pela circunstância, e em que se inclui o poema A hipérbole na cidade, 1960, e os livros Circulação (1960), A habitação dos dias (1962), e Corpo terrestre (1972);
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Uma segunda, a partir da década de 80, mais liberta do circunstancial, e mais aberta às inquietações maiores do homem ou à sua vinculação ao cósmico e ao elementar, e de que fariam parte Meditação em Samos e Respirar pela água.