COM A DEVIDA VÉNIA A ALEXANDRE MARTINS E AO “PÚBLICO”


Juiz do Oklahoma condenou a empresa a pagar 572 milhões de dólares. A decisão só é válida no estado e ainda pode ser revertida, mas é a primeira vitória em tribunal contra o papel da indústria numa crise que já matou 400 mil pessoas nos EUA.
As acções do grupo subiram 5,4% logo após o anúncio do tribunal – Legenda da fotografia de MIKE BLAKE/REUTERS, que acompanha o texto.
Um dos julgamentos mais importantes das últimas décadas nos EUA terminou esta semana com uma decisão que, à primeira vista, é uma derrota histórica para a gigante Johnson & Johnson e um sério aviso para toda a indústria farmacêutica. Na segunda-feira, ao fim de quase dois meses de sessões, um juiz condenou a empresa a pagar 572 milhões de dólares (514 milhões de euros) pelo seu papel na epidemia de opióides no Oklahoma, que matou seis mil pessoas nos últimos 20 anos.
A longo prazo, a decisão pode vir a causar um rombo numa das indústrias mais lucrativas do mundo. Mas, por enquanto, os mercados financeiros mostram-se satisfeitos: logo após o anúncio do juiz Thad Balkman, na segunda-feira, as acções da Johnson & Johnson subiram 5,4%, num sinal de alívio pelo facto de o tribunal não ter chegado perto dos 17 mil milhões de dólares (15 mil milhões de euros) pedidos pelo Ministério Público do Oklahoma.
Em causa está a acusação de que a gigante norte-americana é responsável pela crise de dependência e mortes, no Oklahoma, causada por excessos na toma de opióides analgésicos como a oxicodona ou a hidrocodona, e a posterior dependência de heroína. Em particular, o juiz deu como provada a acusação de que a Johnson & Johnson desvalorizou de forma intencional os riscos dos analgésicos e exagerou as vantagens do seu uso prolongado.
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