PERU: QUE CASTILLO SEJA PROCLAMADO PRESIDENTE E VENHA A CONSTITUINTE!

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Selecção de Joaquim Pagarete

 

A situação no Peru continua, até este momento, pendente da proclamação de Pedro Castillo como presidente. A elite em redor de Keiko Fujimori (a filha do ex-presidente Alberto Fujimori) multiplicou recursos para tentar anular o resultado na Comissão de justiça eleitoral, mas até os observadores da OEA (Organização dos Estados Americanos) afirmaram a lisura do pleito.
Agora, tal como fez Trump e já é anunciado por Bolsonaro, ela agita a questão da “fraude” eleitoral e diz que não vai reconhecer Castillo, mesmo se ele tomar posse oficial a 28 de Julho, quando está previsto começar o seu mandato.
Apresentamos trechos do suplemento do jornal “El Trabajo”, deste mês de Julho, tribuna livre na qual participam os nossos camaradas da Secção peruana da 4ª Internacional.

Continuar a mobilização pela proclamação de Pedro Castilho

O anúncio, feito pelo presidente Pedro Castillo, de que ‘a 28 de Julho vamos colocar ao Congresso o primeiro pedido do povo, a imediata instalação da Assembleia Nacional Constituinte’, aumentou a raiva da coligação fujimorista, dos partidos da burguesia e do imperialismo – que têm como principal operador, no plano internacional, Mario Vargas Llosa (renomado escritor que vive em Madrid, NdT).
A coligação fujimorista expôs, abertamente, o seu plano golpista num comício: ‘Não vamos aceitar a fraude, nem reconhecer um presidente nulo; vamos formar um Governo de transição, de aliança civil-militar, com o aval do Congresso, que convoque novas eleições’.
Que democracia e governabilidade (referência ao nome da frente formada em defesa da posse de Castillo, mas que procura moderar o seu programa eleitoral, NdT) os trabalhadores e o povo oprimido são chamados a defender? Ela nunca existiu e não existe hoje. Ela está para ser construída através da luta dos comandos e comités unitários, sindicatos e organizações populares, das Direcções regionais e da Direcção nacional da CGTP (Confederação Geral dos Trabalhadores Peruanos), por Pedro Castillo presidente e por uma Assembleia Constituinte Soberana.
Para impor essa vontade maioritária do povo, é preciso constituir Assembleias Populares nos distritos, províncias e regiões de todo o país, unindo representantes de sindicatos, ‘ronderos’ (organizações camponesas de auto-defesa, NdT), organizações populares e da juventude, preparando assim, a partir das bases, uma Assembleia Nacional Popular que potencialize a exigência da Constituinte – perante a podridão das actuais instituições.

Um passo que é uma referência

Um passo nessa direcção foi dado na Assembleia Popular de Lambayeque (norte do país, NdT), do passado dia 10 de Julho, que votou por fortalecer o Comando Regional Unitário, por relançar a batalha pela Assembleia Nacional Popular e ratificar a luta pela convocação da Assembleia Constituinte Soberana que resolva os problemas fundamentais do país. Trata-se de uma referência para fazer o mesmo em todo o país.
Trata-se de enfrentar os golpistas com as armas de que os trabalhadores e o povo dispõem: a independência de classe, a mais ampla frente única, a mobilização nas ruas, as jornadas de luta, a paralisação nacional e a greve geral de todos trabalhadores e do povo se necessário.
Nada temos em comum com a ‘democracia e governabilidade’ dos partidos que arruinaram o país e declararam guerra ao povo.
Pedro Castillo disse, com toda clareza, que governará com as organizações dos trabalhadores e do povo, que na sua governação ‘o poder popular estará por cima do poder político e económico’, que ‘só o povo pode salvar o povo’, o que equivale a dizer que ‘a emancipação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores’.”

Transcrito do jornal “O Trabalho” – cuja publicação é da responsabilidade da Secção brasileira da 4ª Internacional (corrente do PT) – na sua edição nº 886, de 15 de Julho de 2021

 

Nota de A Viagem dos Argonautas – Pelas notícias que conseguimos obter através da grande comunicação social Pedro Castilho terá já tomado posse do cargo para que foi eleito e estará a tentar formar governo. O presente artigo, de uma fonte alternativa à grande comunicação social, dá-nos um outro  ângulo  de visão sobre os problemas e conflitos que existem no país. Será decisiva a realização de uma Assembleia Constituinte do Peru, à semelhança do que se passou no vizinho do sul, o Chile.

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