OBRIGADO À JACOBIN BRASIL

5/03/23, 14:21 – Camilo Joseph: _Discurso realizado em inglês, por *Friedrich Engels*, no cemitério de Highgate, em *17 de março de 1883*. Publicado em alemão no Sozialdemokrat em 22 de março de 1883_.
_No dia *14 de março*, três horas e quarenta e cinco minutos da tarde, *o maior pensador de nossos dias, parou de pensar*. Nós o deixamos apenas por dois minutos a sós e quando voltamos o encontramos dormindo suavemente na sua poltrona, mas para sempre.
_É praticamente impossível calcular o que o proletariado militante da Europa e da América e a ciência histórica perderam com a morte deste homem. Imediatamente se perceberá o buraco que foi aberto com a morte desta personalidade gigantesca_.
_Assim como Darwin descobriu a lei do desenvolvimento da natureza orgânica, *Marx descobriu a lei do desenvolvimento da história humana: um fato tão simples, mas escondido debaixo do lixo ideológico, de que o homem necessita, em primeiro lugar, comer, beber, ter um teto e vestir-se antes de poder fazer política, ciência, arte, religião, etc*. Que a produção dos meios imediatos de vida, materiais e, por conseguinte, a correspondente fase de desenvolvimento econômico de um povo ou de uma época é a base a partir da qual tem se desenvolvido as instituições políticas, as concepções jurídicas, as ideias artísticas e, até mesmo as ideias religiosas dos homens e de acordo com a qual, então, devem ser explicadas, e não ao contrário, como até então se vinha fazendo_.
_Mas, não é só isto. *Marx descobriu também a lei específica que move o atual modo de produção capitalista e a sociedade burguesa criada por ele*. A *descoberta da mais-valia*, imediatamente, clareou estes problemas, enquanto todas as investigações prévias, tanto dos economistas burgueses quanto dos socialistas críticos, haviam vagado na escuridão_.
_Duas descobertas como estas deveriam ser bastante para uma vida. Quem tem a sorte de fazer apenas uma destas descobertas, já pode se considerar feliz. Porém, não houve um só campo que Marx não investigasse – e estes campos foram muitos e, em nenhum deles, se limitou a fazer apenas superficialmente – inclusive na matemática, na qual não fizesse descobertas originais_.
_Tal era o homem de ciência. Porém, isto não era, nem com muito, a metade do homem. *Para Marx, a ciência era uma força histórica motriz, uma força revolucionária*. Por pura que fosse a alegria provocada por uma nova descoberta que realizasse em qualquer ciência teórica e cuja aplicação prática talvez não pudesse ser prevista de modo algum, era muito outro o prazer que experimentava quando se tratava de uma descoberta que exercia imediatamente uma influência revolucionária na indústria e no desenvolvimento histórico em geral. Por isso, seguia, detalhadamente, a marcha das descobertas realizadas no campo da eletricidade, até os de Marcel Deprez nos últimos tempos_.
_*Porque Marx era, acima de tudo, um revolucionário*. *Cooperar, deste ou do outro modo, para a derrubada da sociedade capitalista e das instituições políticas criadas por ela, contribuir para a emancipação do proletariado moderno, a quem ele tinha infundido pela primeira vez a consciência da própria situação e das suas necessidades, a consciência das suas condições de emancipação: tal era a verdadeira missão da sua vida. A luta era seu elemento. E lutou com uma paixão, uma tenacidade e um sucesso como poucos*. A Primeira Gazeta Renana, 1842; o Vorwärts de Paris, 1844; a Gazeta Alemã de Bruxelas, 1847; a Nova Gazeta Renana, 1848-1849; a Tribuna de Nova Iorque, 1852-1861, além disto, um conjunto de brochuras de combate, o trabalho em associações em Paris, Bruxelas e Londres, até que finalmente, nasceu como remate de tudo, a grande Associação Internacional de Trabalhadores que era, na verdade, um trabalho do qual o seu autor poderia se orgulhar, ainda que não tivesse criado nenhuma outra coisa_.
_*Por isso, Marx era o homem mais odiado e mais caluniado de seu tempo. Os governos, a mesma coisa os absolutistas e os republicanos, o expulsavam. Os burgueses, a mesma coisa que os conservadores e os ultrademocratas, competiam para lançar calúnias contra ele. Marx separava tudo isso de um lado como se fossem teias de aranha, não prestava atenção a elas; só respondia quando a necessidade imperiosa exigia isto*. E morreu venerado, querido, chorado por milhões de trabalhadores da causa revolucionária, como ele, espalhados por toda a Europa e América, desde as minas da Sibéria até a Califórnia. *E eu posso ousar dizer que se teve muitos opositores, não teve um único inimigo pessoal*_.
_*Seu nome viverá através dos séculos e, com ele, sua obra*_.
_FRIEDRICH ENGELS_
_Foi um empresário industrial e teórico revolucionário prussiano nascido na Alemanha. Foi coautor de diversas obras com Marx, sendo que a mais conhecida é o Manifesto Comunista_.
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Discurso de Engels diante do túmulo de Marx (jacobin.com.br)