PALCO 212 – VIVA A MORTE/VIVA LA MUERTE – por Roberto Merino

 

 

Discurso de Miguel de Unamuno en la Universidad de Salamanca (ersilias.com)

 

 

Notas:

(1) Miguel de Unamuno y Jugo (1864  –  1936) ensaísta,  romancista, dramaturgo, poeta e filósofo espanhol. É o principal representante espanhol do existencialismo cristão, sendo conhecido principalmente pela sua obra “O sentimento trágico da vida”, que lhe valeu a condenação do Santo Ofício. Foi reitor da Universidade de Salamanca três vezes: a primeira em 1902 e a última, de 1931 até à sua demissão, em 22 de Outubro de 1936, por ordem de Franco. Passou os seus últimos dias de vida em prisão domiciliar.

(2) Efectivamente o General Millán Astray tinha perdido o braço direito e foi ferido por 4 vezes na guerra de Marrocos. Em 1924, perde o braço esquerdo e, em 1926, o olho direito, ficando com a alcunha de Glorioso mutilado.

(3) José María Pemán y Pemartín (1897-1981) foi um escritor espanhol que cultivou todos os géneros literários, destacando-se como periodista, dramaturgo e poeta. Foi um apoiante da ditadura franquista.

(4) O poeta Miguel Hernández morreu de tuberculose numa prisão em Alicante em 28 de março de 1942. Um tribunal marcial condenou-o à morte em 1940. E embora o regime franquista tenha comutado a sua pena em 30 anos de prisão, as condições da sua prisão eram mais implacáveis do que qualquer pelotão de fuzilamento.

(5) Ainda há capítulos ocultos da tragédia da guerra civil espanhola e dos 40 anos de ditadura que se lhe seguiram. Quando ressurgem, fazem as delícias dos historiadores. Deve ter sido o caso de Xurxo Ayán, arqueólogo do Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa; Luis Antonio Ruiz Casero, investigador da Universidade Complutense de Madrid; e da documentarista Márcia Hattori, do Instituto Espanhol de Ciências do Património, que reconstituíram a marca de um português esquivo e misterioso nas pedras do Vale dos Caídos.

De nome Manuel Rodríguez Crisogno, “foi uma das personagens mais desconhecidas que participara na construção do monumento-santuário fascista entre 1943 e 1950”, asseguram ao Expresso os historiadores. “Angariou uma fortuna dirigindo parte daquela obra e relacionou-se com as mais altas esferas do poder franquista até se lhe perder a pista, em 1963, em Madrid. Para nós, foi uma investigação apaixonante”, reconhecem. Acabam de publicar a sua investigação numa revista académica das mais prestigiosas do país. Expresso de 29/3/24

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(*) Liberdade …Liberdade –  a estreia foi no dia 19 de Abril no CCIF-Madeira

2 Comments

  1. Há um outro grande escritor espanhol que esteve exilado e que não é referido por Roberto Merino, Francisco Ayala, que nunca, que eu saiba, foi publicado em Portugal. Mas este meu comentário é para falar de Miguel Hernández, e perceberão porquê, pois é em Portugal que é preso.
    Miguel Hernández corria o risco de ser preso e vários amigos o aconselhavam a sair de Espanha. Entre eles, um grande amigo de Federico García Lorca, Carlos Morla Lynch, embaixador do Chile em Madrid durante a Guerra Civil, ofereceu-lhe exílio na Embaixada no início de Março de 1939, respondendo-lhe Hernández através de Juvencio Valle que «no se albergará en ningún sitio». Mais tarde, Morla Lynch voltaria a oferecer-lhe asilo na Embaixada.
    Miguel Hernández não queria deixar Espanha e muito menos a família, mas o cerco foi-se apertando, apesar do salvo-conduto do Comisariado General de Guerra, documento em que ele confiava.
    Abreviando, para chegar ao que pretendo, Miguel Hernández passa clandestinamente para Portugal perto de Rosal de la Frontera em 29 de Abril de 1939, chegando a Santo Aleixo e, horas depois, está em Moura. Pobremente vestido, com ares de mendigo e sem dinheiro, tenta vender o relógio de ouro que o poeta Vicente Aleixandre lhe havia oferecido. Logo se pensa que ele havia roubado o relógio. É devolvido a Espanha, consegue que Vicente Aleixandre confirme a sua história do relógio, mas já era tarde, as autoridades fascistas reconheceram-no — o guarda-civil Salinas — considerando-o um activo comunista e escritor revolucionário.
    De prisão em prisão, condenado à morte, sendo a sua pena comutada para 30 anos, acaba por morrer, de tuberculose, na prisão de Alicante, em 28 de Março de 1942. Tinha 31 anos.

    1. Agradeço a lembrança de Francisco Ayala, desafortunadamente nunca haverá espaço suficiente para os crimes do regime franquista.
      Cumprimentos R. Merino

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