Começa a Viagem dos Argonautas – por Carlos Loures

 

 

 

Com esta canção de Caetano Veloso inspirado no poema de Fernando Pessoa “Navegar é Preciso”, começamos nós a navegar, embora a nossa Argos esteja ainda em acabamentos. Faltam uns pregos no cavername e alisar o tabuado da coberta. As velas estão a ser cosidas. O «bota-abaixo», que, como sabem, na gíria da construção naval designa a cerimónia de lançamento à água de um navio, será em 1 de Setembro. Nesse dia, partiremos em busca do velo de ouro.

 

No seu poema, Fernando Pessoa diz: “Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:/”Navegar é preciso; viver não é preciso”. /Quero para mim o espírito [d]esta frase, /transformada a forma para a casar como eu sou: /Viver não é necessário; o que é necessário é criar.”  Navigare necesse; vivere non est necesse, navegar é preciso, viver não é preciso, é uma frase de Pompeu (106-48 a.C.), o famoso general romano, É Plutarco que lha atribui na sua Vida de Pompeu. O general tê-la-á proferido numa arenga a marinheiros que amedrontados, antes de uma batalha, se recusavam a embarcar. Como pudemos ver, Fernando Pessoa dá uma explicação para o segundo termo da proposta. Nós achamos que navegar é preciso e que viver também. Mas, quando preparamos a nossa viagem, queremos nesta edição experimental homenagear gente do universo da Lusofonia – Caetano Veloso, Chico Buarque, Fernando Pessoa… Os tesouros da Lusofonia fazem parte da nossa carga mais preciosa.

 

E ouçamos agora Navegar, Navegar, do nosso amigo Fausto Bordalo Dias , na interpretação da Banda de Vilela, com arranjo do maestro Jorge Salgueiro (Palmela, 1969). Esta banda, a Banda Filarmónica da Associação Recreativa e Musical de Vilela, tem a sua sede na freguesia de Vilela, concelho de Paredes, distrito do Porto e foi fundada em 1860. Tem, pois, mais de 150 anos. Uma notável vitória do espírito associativo, com músicos de gerações diferentes. Uma maravilha. A versão cantada pelo autor, o Fausto, será aqui incluída numa próxima edição.

 

 

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