Na praça de touros Monumental de Barcelona, realizou-se ontem a penúltima tourada antes da proibição definitiva das corridas de touros na Catalunha. A praça encheu-se, o espectáculo iniciou-se com a execução do hino catalão, tendo depois lugar a tourada. Com esta proibição, o governo da Generalitat elimina uma das componentes do espanholismo e dá mais um passo no sentido da independência, quiçá da separação.
A República, proclamada em 1931, encetara o caminho de uma federalização que, a ter sido concretizada, poderia ter obtido resultados positivos. Franco, com a ajuda da Igreja Católica, dos grandes grupos económicos e com a cumplicidade da comunidade internacional, conseguiu fazer passar a ideia de uma Espanha una, simbolizada pelo exotismo do flamenco, pelo casticismo plasmado nos quadros de Goya ou na expressão lírica da “Carmen”, de Bizet, pela tourada…
O estado democrático surgido após a morte de Franco não retomou a história no ponto em que ela fora interrompida em 1936, quando se sonhava uma “Federação Espanhola”. Os “democratas” aproveitaram as sobras do banquete fascista e adoptaram a tese de uma Espanha indivisível. Foram tão ousados que adoptaram a monarquia como forma de estado sob a égide da decrépita dinastia de Bourbon. Porém, mesmo a democracia formal, está a abrir buracos na blindagem. A jangada de pedra começa a meter água.
A União Europeia cada vez mais parece ser um futuro ex- estado federal europeu. Ao que tudo indica, a ideia dessa federação vai apagando-se à medida que crescem as dúvidas na capacidade da União para eliminar assimetrias e para neutralizar hegemonias. Uma profunda crise de confiança na tal Europa unida vai alentando os movimentos anti-europeístas e mesmo reavivando xenofobias que pareciam sob controlo. No seio dessa “união”, há estados artificiais – a Grã-Bretanha, a Bélgica e Espanha. Assistimos nestas últimas décadas ao desmantelamento da União Soviética, hegemonizada pela Rússia e, da Jugoslávia, onde os sérvios dominavam as demais nacionalidades e à decomposição da Checoslováquia. As velhas nacionalidades vão sendo retomadas. Qual será a próxima?
A Catalunha não se orgulha somente do Futebol Clube de Barcelona de Lionel Messi, das melhores estações de esqui de Lérida e Girona, nos Pirenéus, das grandiosas obras arquitectónicas de Gaudí, das inúmeras telas pintadas por Dalí e Miró, das fantásticas praias da Costa Brava e Dourada, do glorioso passado histórico de Tarragona. Juntamente com as Canárias, orgulha-se de ser a segunda região da Península Ibérica a proibir as corridas de touros. Ontem, como hoje, a modernidade catalã faz a distinção entre a tradição cultural e o abjecto ritual de sangue desrespeitador da dignidade animal a que chamam “espectáculo”.
Uma grande saudação para a Catalunha pela decisão que tomou contra as touradas.
Les curses de braus són un atavisme salvatge que compta amb la coartada de la tradició, l’art i la cultura, utilitzat sovint fins i tot per intel·lectuals i polítics d’una certa progressia. A aquest argument han intentat afegir-hi ara arguments de conjuntura econòmica i altres galindaines. Però l’espectacle públic de matar un animal i de posar en risc la vida de les persones és una salvatjada que no admet pal·liatius ni matisos de cap mena. I no és que a Catalunya no hi hagi tradició taurina i afició en un nombre significatiu de ciutadans. A Barcelona hi havia hagut fins a tres places de bous, i els aldarulls ciutadans quan els toros sortien mansos han assolit categoria de revolta urbana que, actuant com a catalitzador d’altres revoltes callades, han acabat fins i tot amb la crema de convents. Així va ser l’any 1835, en què l’avalot començat a la plaça de bous de la Barceloneta es va convertir en revolta contra el Governador Civil, crema de convents i, al cap de poc, la mort i l’escarni del general Bassa a qui s’havia confiat d’aturar la revolta; els fets connectaren amb la crema de la fàbrica Bonaplata (“El Vapor”) en un esclat social nodrit pel luddisme i, finalment, amb l’ocupació militar de la ciutat, la repressió i alguns afusellaments. Així doncs, de tradició n’hi ha, i molta. I les festes de bous encara són vives, sobretot al sud del país, a les terres de l’Ebre, connectant amb les formes de la festa al País Valencià i a l’Aragó… Però matar un animal, amb totes les posturetes i els adornaments que es vulgui, fent-ne un espectacle públic és un fet indigne i cruel. Ara bé, el PP ha fet bandera d’espanyolisme i, com té per costum, ha presentat un recurs al Tribunal Constitucional contra la Llei antitaurina. I és molt possible -i tant que ho és!- que, si el Tribunal Constitucional segueix la tònica de declarar inconstitucional qualsevol llei “diferencial” que surt del Parlament de Catalunya, la fi de les corregudes de toros, que avui celebrem, potser es convertirà només en un parèntesi.
Espero bem que isso não aconteça, Josep . Mas que dizer quando sabemos que a selvajaria tem sempre tanta força ?