A GRANDE POESIA – ” A curva dos teus olhos” – Paul Éluard

Um Café na Internet

 

 

 

  

Quadro de Vladimir Kush

 

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Paul Éluard

 

A Curva dos Teus Olhos

 

 

A curva dos teus olhos dá a volta ao meu peito
É uma dança de roda e de doçura.
Berço nocturno e auréola do tempo,
Se já não sei tudo o que vivi
É que os teus olhos não me viram sempre.

Folhas do dia e musgos do orvalho,
Hastes de brisas, sorrisos de perfume,
Asas de luz cobrindo o mundo inteiro,
Barcos de céu e barcos do mar,
Caçadores dos sons e nascentes das cores.

Perfume esparso de um manancial de auroras
Abandonado sobre a palha dos astros,
Como o dia depende da inocência
O mundo inteiro depende dos teus olhos
E todo o meu sangue corre no teu olhar.

Paul Eluard, in “Algumas das Palavras” Tradução de António Ramos Rosa

 

Paul Éluard

 

La courbe de tes yeux

 

La courbe de tes yeux fait le tour de mon coeur,

Un rond de danse et de douceur,

Auréole du temps, berceau nocturne et sûr,

Et si je ne sais plus tout ce que j’ai vécu

C’est que tes yeux ne m’ont pas toujours vu.

Feuilles de jour et mousse de rosée,

Roseaux du vent, sourires parfumés,

Ailes couvrant le monde de lumière,

Bateaux chargés du ciel et de la mer,

Chasseurs des bruits et sources des couleurs,

Parfums éclos d’une couvée d’aurores

Qui gît toujours sur la paille des astres,

Comme le jour dépend de l’innocence

Le monde entier dépend de tes yeux purs

Et tout mon sang coule dans leurs regards.

 

 

Paul Éluard – pseudónimo de Eugène Emile Paul Grindel – (1895-1952), poeta francês, ligado aos movimentos dadaísta e surrealista, escreveu pemas de intervenção contra a ocupação alemã de França, durante a II Guerra Mundial.

 

 

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