Capitulo I. Retratos da Desindustrialização
1.4 Empresas em dificuldade , os políticos falam, as fábricas fecham…frequentemente – por Dominique Gallois e Cédric Pietralunga
O exemplo da empresa de roupa interior Lejaby, para o qual Laurent Wauquiezacaba de encontrar um comprador com a ajuda de Bernard Arnault, patrão de LVMH continua a ser uma excepção. Lejaby, SeaFrance, Petroplus, La Tribune… Desde o início do ano de 2012 que a lista das empresas em dificuldade tem estado fortemente a aumentar eque os apelos de ajuda ao socorro pela parte do Estado se sucedem, se multiplicam. . A entrada em campanha eleitoral é vista mais uma vez pelos assalariados como uma oportunidade de serem ouvidos.
Desde a famosa expressão “o Estado não pode fazer tudo ” de Lionel Jospin, então primeiro-ministro, respondendo, em 1999, aos assalariados do fabricante de pneus Michelin, vítimas das supressões de postos de trabalho e que foram importantes na sua derrota nas eleições presidenciais de 2002, os homens políticos ficam aterrorizados face a qualquer um conflito social mediatizado. A campanha tinha então sido marcada pelos situações do fabricante de electrodomésticos Moulinex, de Marks& Spencer, de Lu-Danone, em Calais (Pas-de-Calais).
O encerramento parcial da siderurgia em Gandrange, em 31 de Março de 2009 cola se assim ao balanço do mandato de Nicolas Sarkozy. “O Estado prefere investir na modernização do site em vez de estar a pagar para acompanhar as pessoas seja na reforma antecipada ou seja no desemprego”, explicou o chefe de Estado durante uma visita ao local da siderúrgica ArcelorMittal, a 4 de fevereiro de 2008. Nada…feito… Apesar dos esforços dos políticos, 575 assalariados perderam os seus empregos.
Exemplos de intervenções bem-sucedidas são muito raros. O exemplo da fábrica de roupa interior Lejaby, empresa localizada em Yssingeaux (Haute-Loire), para o qual Laurent Wauquiez, prefeito de lePuy-en-Velay – o departamento – e também Ministro do ensino superior, acaba de encontrar um comprador com a ajuda de Bernard Arnault, padrão de LVMH, é uma excepção.
Sem efeito
Na maioria das vezes, as intervenções dos políticos não são seguidas de nenhum efeito. Quem se lembra assim de Chausson em 1995 e das declarações proferidas por Jacques Chirac, então candidato, afirmando que este construtor não iria morrer? A empresa desapareceu. O mesmo destino para Molex. No dia 5 de Agosto de 2009, este fabricante americano de peças para automóveis anunciou o encerramento da fábrica de Villemur-sur-Tarn (Haute-Garonne) depois de onze meses de luta dos seus 283 assalariados. Indignado, Christian Estrosi, então Ministro da Indústria, pede à Renault e à PSA Peugeot Citroënpara deixarem de trabalhar com Molex, que, ao contrário das suas promessas, não tinha financiado a totalidade do plano social do site.Os industriais franceses não farão nada disso e a actividade foi interrompida. Até mesmo o que parece como um sucesso não deve, na maioria dos casos, grande coisa aos políticos. Em Março de 2007, Toulouse, tinha-se,assim,tornado uma etapa obrigatória dos principaiscandidatos.François Bayrou, Nicolas Sarkozy e SégolèneRoyal reencontravam aí os assalariados de Airbus que protestavam contra um plano de supressão de empregos. Passadas as eleições, as medidas de economia foram aplicadas e o construtor de aviões recomeçou com o seu crescimento. ..
Outro caso emblemático: Heuliez. No início de 2010, Segolème.Royal, Presidente da região de Poitou-Charentes e Christian Estrosi, então Ministro da indústria, bem se esfalfam sobre o destino do fabricante de peças para automóveis. Por sua vez, Bernard Krief / consultoria, o empresário turco Alphand Manas e os fundos de investimento americanos são solicitados poe estes dois eleitos, mas…em vão.
Finalmente, o fabricante de peças será dividida em duas empresas, a parte industrial (carrocerias, e de embutidos) sendo retomada pelo grupo francês BaelenGaillardIndustrie (BGI) e a outra por um consórcio alemão (ConEnergy e Kohl) de onde saiu desde então um pequeno carro eléctrico, o Mia, cujas perspectivas de vendas são bastante limitadas, de acordo com especialistas. No final, um registo bem mitigado: 450 empregos sobre 600 foram preservados, mas a sustentabilidade da empresa não está garantida.
Trabalho da sombra Estes ballets dos políticos são diversamente apreciados. “É uma falsa leitura do Colbertismo: impedir a reestruturação industrial, isso nunca funcionou e não serve para nada a não ser para esbanjar dinheiro público que teria sido melhor investido noutros lugares, em sectores de futuro”, pensa um padrão contudo bem próximo do chefe de Estado.
Mais discretos, os organismos públicos, como a Comissão interdepartamental para a reestruturação industrial (CIRI), criada na década de 1980 e o Fundo Estratégico de Investimentos (FSI) fazem um trabalho de sombra bem mais eficaz.
Em 2010, o CIRI já prestou apoios a 42 empresas com mais de 400 assalariados, tais como Plastivaloire, Geodis ou o fabricante de móveis Parisot. “Mas nós só intervimos a pedido dos chefes de empresa e a abordagem é muitas vezes confidencial”, diz um assessor em Bercy. OFSI investiu 3,7 mil milhões de euros em 64 empresas desde a sua criação em 2008. “Estamos a viver as consequências da escolha implícita de sucessivos governos, que, desde meados da década de 80, deixaram de ter uma política industrial”, diz-nos o economista Jean-Louis Levet. Ele propõe retornar a uma estratégia de longo prazo para a re-industrialização do país, combinando “antecipação, prospectiva e avaliação”. Por seu lado, StéphaneAlbernhe, especialista em desenvolvimento de empresas, acredita que os candidatos, em vez de falarem sobre a dívida soberana e a perda do triplo A, fariam bem melhor em evocar “as modalidades de regresso ao crescimento e à necessária re-industrialização da França;” porque o estado de emergência é adquirido agora! “.” E acrescentou : “mesmo se uma reaquisição, como a de Lejaby é altamente politizada, isto faz ganhar consciência da necessidade de inverter a tendência e de rapidamente travar a desindustrialização que se acelerou desde 2005”.
Dominique Gallois e Cédric Pietralunga, Entreprises en difficulté : les politiques parlent, les usines ferment… souvent, Le Monde, 2.02.12