Aqui há uns anos uma amiga, sabedora da minha especial admiração por gatos, deu-me o livro “Porque pintam os gatos” (Heather Bush & Burton Silver, Porque Pintam os Gatos?, Uma teoria da estética felina, Centralivros, Lda, 1995). Acabei por o emprestar e agora nem sei a quem. Mas lembro-me de o ler encantada, de apreciar as ”produções” dos felinos que lá eram apresentadas, quase convenciam… Mas a verdade é que os meus gatos, que já foram muitos (Belzebu, Tobias, Ervilha da Conceição Tremoço, Cuca e agora o Freddie Mercury) nunca deram sinais de tal proeza. Mas também é verdade que nunca lhes coloquei à disposição tigelas com tintas que pudessem utilizar…
Acredito que os gatos do livro tenham “pintado” o que nele vemos. Resta-nos saber qual o treino anterior e quantos foram para ao lixo até ficarem aqueles bonitinhos…Há sites que nos mostram outras situações em que gatos estão “pintando”. Por exemplo, o Gato Mau a imprimir a marca da sua pata no manto da Rainha Branca, usando o rouge dela, numa Carta de jogar alemã, c. 1430 d.C (Katzen-Kunst-Museum, Estugarda ) e um Papiro funerário, na Bodhead Library, em Oxford representando Rá, deus do Sol, sob a forma de um gato.
Nos Estados Unidos, a moda de ter quadros feitos por gatos pegou e paga-se milhares de dólares por alguns deles. E até surgiu o Monpa – Museu de Arte dos Não-Primatas, em 1970, em Chichester, fundado pelo filantropista Husard que defendia a tese de que os movimentos, sinais e sons de espécies animais são formas estéticas de comunicação. Mas em meados de 1980, por razões financeiras, o museu encerrou as portas.
Há quem defenda que as “pinturas” são manifestações de emoção estética mas que somente uma pequena percentagem deles seria capaz de pintar. Só há uma maneira de se saber se são os gatos a fazê-lo. É o quadro vir acompanhado de fotos ou vídeo que revelem seqüências do gato em acção.
Até existe um livro “Teste de um Inteligência Criativa de Seu Gato ” onde os donos dos gatos podem testar se o felino tem ou não a criatividade nata para a pintura. São postos cartões-testes à frente dos gato para descobrir sua Inteligência Criativa (QC = Quociente Criativo) ou sua Capacidade Estética através dos trabalhos…
Mas a explicação parece bem mais prosaica. Geralmente, os gatos marcam seu território através do odor:ou deixam suas fezes numa posição de destaque ou espalham sua urina em volta. Como a amônia existente nas tintas acrílicas recende a urina, se se misturar com um pouco da urina do gato, ele acabará usando-a para desenhar sinais que são avisos a outros gatos de que aquele lugar lhe pertence.
Pois, cá em casa, as “produções” são mais do género de destruição da árvore de Natal…
Os meus são mais virados para a outro tipo de decoração: põem franjas nos sofás, por exemplo.