Ontem decorreu uma reunião da Comissão Permanente de Concertação Social. Segundo Diário de Bordo conseguiu concluir através da televisão a reunião foi um tanto perturbada pelas notícias chegadas da Comissão Europeia de que o desemprego no nosso país atingiu os 15 %. Continuamos num brilhante terceiro lugar atrás da Espanha e da Grécia. Situação já habitual, e que não espanta um observador sensato. A outros também não espanta, mas parece não os afligir muito. É ouvi-los falar.
Mas parece que formalmente o objectivo da reunião era a apresentação à discussão de novas medidas sobre a redução das baixas e do subsídio de morte e de um maior controle do rendimento social de inserção (sempre mais do mesmo). Segundo informou o representante da CCP – Confederação de Comércio e de Serviços de Portugal, foi distribuído um documento de cem páginas sobre o assunto, que irá ser analisado futuramente. Também foi feita uma calendarização de trabalho. Devem-se ter farto de trabalhar, na Concertação Social. Entretanto o Ministro da Economia, o Álvaro, à saída, tendo sido perguntado por medidas estruturais para estimular a economia, falou nas privatizações que (diz ele, e Diário de Bordo acha que ouviu bem) vão estimular a concorrência.
Pois aqui temos outra falácia. Depois da flexibilização das leis laborais (será mais adequado dizer destruição das leis laborais) que irá contribuir para a criação, temos as privatizações que irão fazer aumentar a concorrência e o crescimento económico. Quem diz isto ou é muito ignorante, ou está louco, ou não quer saber do problema do desemprego para nada. Talvez as três coisas juntas. Deve estar possuído pela tal obsessão de nos fazer sair da zona de conforto (ainda hão de nos explicar o que isso é. Talvez tramar-nos?). E nisto se resume a política que nos domina.
Entretanto, a gasolina sobe mais do que nunca. A propósito, onde está a concorrência? Os preços praticados pelas várias companhias são praticamente idênticos. O Presidente da Autoridade para a Concorrência – Energia e Combustíveis disse ainda recentemente que as gasolineiras são tão rápidas a fazer subir os preços como a descê-los, e que reflectem sempre os mercados internacionais. Para explicar o preço ser mais alto cá que noutros países invocou que os impostos são muito altos. O que ele não explica é porque é a gasolina está muito mais cara do que em outras alturas em que o petróleo estava muito mais caro. Também não nos diz que as subidas de preço são sempre maiores que as descidas. Enfim… E quanto ao preço da electricidade parece que acha que ainda devia subir mais. Não disse se acha que a venda aos chineses de parte da EDP aumentou a concorrência. Toda a gente sabe que não. É verdade que alguns, como o Álvaro da Economia (eh pá, Diário de Bordo ouviu bem na televisão), continuam a dizer que as privatizações fazem aumentar a concorrência. Mas deve ser a concorrência como já existe entre as gasolineiras. Aliás, não é entre elas. É entre elas e os consumidores. Mas de modo que estes fiquem sempre a perder. Fora da zona de conforto.