FÁTIMAS E HOLOCAUSTOS – por Adão Cruz

 

Em nada me interessa a Igreja católica em si mesma. Porém, como cidadão, não posso ficar ao lado dos fenómenos que afectam, positiva ou negativamente, a sociedade e a humanidade. Desde há muitos anos que me arrepia o paganismo que se fabricou em Fátima, a monumental impostura que se ergueu no nosso país. Mas muito mais do que o paganismo me arrepiam os crimes de toda a ordem que estão na sua génese.

 

Sou médico há meio século, tive na minha frente toda a espécie de pessoas, desde a mais ignorante à mais sábia. Respeito tanto os ignorantes como os sábios, os cultos e os incultos, mas não tenho o mínimo respeito nem contemplação pela ignorância e pela incultura. Também não sinto respeito pelo trabalho de quem quer que seja que se dedique, de uma maneira ou de outra, a cultivar a ignorância, a escamotear a verdade e a anular a razão.

 

O maior crime que se pode cometer contra o Homem não é matá-lo mas tapar-lhe os olhos. Ao matar o Homem não se mata a ideia. Ao tapar-lhe os olhos mata-se o Homem e a ideia.

 

Há pessoas crentes, inteligentes e cultas. Simplesmente, em meu entender, não foi a cultura, mas outra razão qualquer, que gerou e enraizou a crença. A verdadeira cultura é, habitualmente, um obstáculo e remete muito mais para o antagonismo do que para o agonismo da fé. A Igreja tem homens inteligentes, não podemos negá-lo, embora minados de fragilidades e contradições que, na minha opinião, resultam de uma consuetudinária mentira  e de uma hierarquia fundamentalista que impõe, pela inércia das ideias paralíticas e pela força do poder temporal a que sempre esteve ligada, uma mensagem que nada tem a ver com a do verdadeiro Cristo nem com a libertação do Homem. Antes pelo contrário, explora e expande todos aqueles conceitos arcaicos que sempre contribuíram fortemente para a exploração e a repressão, liderando sofismaticamente a luta pelos fracos, no terreno fértil de uma humanidade sofredora, aterrorizada e inculta, vítima maior desse mesmo poder que sustenta e sempre sustentou a Igreja.
           
Entre a mentalidade e a esclerosada verdade de monsenhores, rotulados de catedráticos, entre as habilidades retóricas, os rendilhados e emaranhados raciocínios de homens inteligentes, entre as palavras de homens bons, palavras, no entanto, não alheias a uma incapacidade de definição e de posicionamento quanto à etiopatogenia dos males da humanidade e à crítica da Igreja, entre tudo isto, repito, e a reflexão, a coragem, a lucidez, a clareza e a serenidade de quem tudo isto denuncia, vai um abismo.

 

Como é possível que homens inteligentes dentro da igreja embarquem nesta tão primária encenação no palco da Cova da Iria? Ou andam a fazer de conta? Penso que muitos milhares, se não milhões de pessoas, já ouviram esclarecedoras e corajosas denúncias contra uma das maiores fraudes do século, co-responsável – a par de tantos outros mecanismos de anestesia mental que o poder detém ou inventa – pelo atraso do nosso povo e da nossa sociedade. Por que razão será tão difícil libertar as pálpebras e abrir os olhos?
           
A Igreja católica, essa portentosa catedral multinacional, historicamente enrodilhada num mar de escândalos e de obscuras e complexas ligações, adquiriu tal poder que já nem se importa que o produto que fabrica seja o antídoto de tudo aquilo que pretende proclamar. Com efeito, a Igreja deve ser hoje a maior fábrica de ateus.

Nestes negros dias de Fátima, em que parte da humanidade mergulha na escuridão do absurdo, é imprescindível desanestesiar a memória, e permitir-lhe algum recobro, a fim de que ela nos diga que Igreja é esta que está por detrás da lamentável tragicomédia do 13 de Maio.

Como diz o nosso amigo Carlos Loures, os crimes da Igreja católica são tão numerosos que nem uma obra com a extensão da Enciclopédia Britânica, composta a corpo 8, os poderia descrever.

 

E continua, o amigo Carlos: “Voltando a Pacelli – os judeus protestaram e, desta vez, com razão. Durante a 2ª Guerra Mundial, Eugenio Pacelli foi tão isento que lhe chamavam «il Tedesco». Sabia-se que o cardeal Pacelli era germanófilo. Parte da sua formação académica decorrera em Munique e em 1929 vivia em Berlim. Foi neste ano que Pio XI o chamou ao Vaticano e o nomeou secretário de Estado. Negociou com Mussolini o Tratado de Latrão (a Igreja Católica recebeu 750 milhões de liras e reconheceu o regime fascista). Foi Pacelli quem, em 1933, quebrou o isolamento diplomático a que a comunidade internacional votara o novo governo alemão, aprovando a Concordata entre o Vaticano e o governo de Hitler.
 
“Em 1939, Pacelli, sucedeu a Pio XI como nome de Pio XII. A sua relação com Mussolini e Hitler sempre foi cordial. Não podia deixar de saber da «solução final», que previa a eliminação dos 11 milhões de judeus da Europa. No Natal de 1942, referiu discretamente as «centenas ou milhares» de pessoas que, sem outra culpa que não a sua nacionalidade ou etnia, estavam «assinalados pela morte e por uma progressiva extinção». Sabia também que muitos dos que iam para as câmaras de gás não era pela sua etnia, mas sim pela sua opção política ou pela sua orientação sexual. Entre os esquerdistas e os homossexuais executados, havia numerosos católicos”.
 
“Quando do morticínio no Gueto de Roma, em Outubro de 1943, Pio XII permaneceu em silêncio. A Santa Sé mandou uns telegramas e fez uns telefonemas para o embaixador alemão, aceitando as justificações ladradas pelo diplomata. Quando a guerra terminou, Pio XII proporcionou passes, salvos condutos e passaportes a criminosos de guerra, fascistas e nazis, bem como a colaboracionistas italianos que estavam abrigados no Vaticano e assim puderam recomeçar as suas vidas no Paraguai, na Argentina ou em Espanha. E para cúmulo da severidade, deu-lhes pequenas quantias em dinheiro”.

 

E era este homem, devoto e fanático da senhora de Fátima!

Fala-se muito do holocausto nazi e de Estaline, fala-se alguma coisa da tenebrosa Inquisição, não se fala nada do holocausto praticado pela igreja católica na Croácia e não só, aquando da segunda Guerra Mundial. E a barbaridade e crueldade deste holocausto não fica a dever nada, pelo menos em qualidade, ao holocausto nazi. Em certas circunstâncias parece superá-lo.

Nestes dias de profunda mentira e hipocrisia, nestes dias de propaganda da santidade do Vaticano e de sonoros Avés, todos os alertas são poucos. A todos os não católicos e a todos os católicos que têm dignidade e sentimento de vergonha, e acredito que serão muitos, eu apelo para que leiam “O holocausto do Vaticano”. Livro banido e temido pela Igreja, um dos livros mais lidos no mundo, não é, por todas as razões e mais alguma, fácil de encontrar e muito menos de obter. Apesar de já o ter lido em tempos, sempre procurei encontrá-lo. Encontrei-o na Net, na versão inglesa, também traduzida, embora muito deficientemente, pelo “translate” do Google. Podem aceder a ele em www.reformation.org/holocaus.html .

Sobre esse holocausto, que nos mostra à saciedade quem é a Igreja que inventou Fátima e preside às suas rendosas cerimónias, transcrevo este magnífico texto de Airton Evangelista da Costa:

INQUISIÇÃO NA CROÁCIA

É muito comum referirmo-nos aos dez séculos de Inquisição – a Idade das Trevas – como a única e mais cruel máquina de extermínio de não católicos e de conversão forçada, em que acatólicos foram perseguidos, torturados e mortos. Recordemos que passados mais de duzentos anos do famigerado Santo Ofício milhares de não católicos foram dizimados na Croácia – os Sérvios Ortodoxos – sob a aquiescência e omissão da Hierarquia Católica. Ali esteve em operação o espírito da Inquisição. “A magnitude da carnificina pode ser melhor avaliada pelo fato de que dentro dos primeiros meses, de abril a junho de 1941, 120.000 pessoas pereceram. Proporcionalmente, à sua duração e a pequenez do território, foi este o maior massacre já acontecido em qualquer lugar no ocidente, antes, durante e após o maior cataclisma do século – a II Guerra Mundial (The Vatican´s Holocaust – Avro Manhattan (1914-1990), 1986.

A ferocidade foi de tal monta que os “nazistas ficaram horrorizados”. A bestialidade suplantou “tudo que fora experimentado na Alemanha de Hitler”. Mônica Farrell, uma ex-católica romana, relata em seu livro Ravening Wolves (Lobos Vorazes), citada por Mary Schultze, em “Conspiração Mundial”:

“Este é um registro das torturas e assassinatos cometidos na Europa entre 1941/43, pelo exército de ativistas católicos, conhecido como Ustashi [organização terrorista], liderado por monges e padres e do qual até mesmo freiras participaram. As vítimas sofreram e morreram por causa da liberdade de consciência. O mínimo que podemos fazer é ler os registros de seus sofrimentos e guardar na lembrança o que aconteceu, não na Idade Média, mas na nossa própria geração iluminada. Ustashi é outro nome da Ação Católica”.

O novo Estado Independente da Croácia, agindo em conexão com o nazismo de Hitler, da forma mais cruel e repugnante perseguiu, trucidou, torturou e matou mais de um milhão de pessoas em pouco tempo.

A PARTICIPAÇÃO DA IGREJA CATÓLICA

Tudo começou no dia 10 de abril de 1941, quando foi proclamado o Estado Independente da Croácia, como resultado do triunfo do exército alemão que já havia entrado no país. Na verdade estava nascendo o Novo Estado Católico, sob a liderança espiritual do Arcebispo Stepinac. Diz Avro Manhattan:

“Naquele mesmo dia, os jornais de Zagreb [capital] veicularam anúncios com o objetivo de que todos os residentes ortodoxos sérvios do novo Estado Católico deveriam evacuar a cidade dentro de 12 horas; e qualquer que colaborasse com um Ortodoxo seria imediatamente executado.

No dia 13 de abril, Ante Pavelic, governante do Novo Estado, chegou a Zagreb procedente da Itália. No dia seguinte, o arcebispo Stepinac foi encontrá-lo pessoalmente e o congratulou pelo cumprimento da obra de sua vida. Qual era a obra da vida de Pavelic? A criação da tirania fascista mais impiedosa de todos os tempos para desonrar a Europa”.

A História revela que a conexão Igreja-Estado sempre produziu uma máquina poderosa, pronta para cercear a liberdade de consciência. Em 28.06.1941, o Arcebispo Stepinac abençoou e aprovou o novo governo com as seguintes palavras: “Enquanto o saudamos cordialmente como Chefe do Estado Independente da Croácia, imploramos ao Senhor dos Astros que lhe dê as bênçãos divinas como líder do nosso povo”. Pavelic, o novo líder, “era o mesmo homem sentenciado à morte por assassinatos políticos; uma vez pelos tribunais iugoslavos, pela morte do Rei Alexandre I, e outra, pelos franceses, pela morte do Ministro Francês do Exterior, Barthou”.

O Vaticano ficou mais vinculado ainda ao Novo Estado Fascista quando membros da Hierarquia Católica foram eleitos para o SABOR (parlamento totalitarista), dentre eles o Arcebispo Stepinac. Avro Manhattan revela que “todos os oponentes em potencial – comunistas, socialistas, liberais – foram banidos ou aprisionados. Uniões comerciais foram abolidas, a imprensa foi paralisada, a liberdade da fala, de expressão e pensamento tornaram-se coisa do passado. Todo esforço foi feito no sentido de forçar a juventude a se filiar às formações para-militares, enquanto as crianças eram moldadas pelos padres e freiras. O ensino católico, os objetivos católicos, e os dogmas católicos tornaram-se compulsórios em todas as escolas. O Catolicismo foi proclamado como religião oficial do Estado”.

A participação da Igreja Católica no novo Estado torna-se ainda mais evidente quando sabemos que “o primeiro Comandante Ustashi no Distrito de Udbina foi o frade franciscano Mate Mogus. No comício de 13.06.41, em Udbina, ele fez esta homilia: `olhai, povo, para estes dezesseis bravos Ustashis, que têm 16.000 balas e matarão 16.000 Sérvios…”; Em Dvor na Uni, o Pe. Anton Djuric, fez um diário de suas atividades, como funcionário da Ustashi. O diário mostra que sob suas ordens a Ustashi derrubou e incendiou a Vila de Segestin, onde 150 Sérvios foram assassinados…”.

O plano diabólico aprovado por Pavelic, conforme declaração dos Ministros da Ustashi, era o seguinte: “Todos os que entraram em nosso país há 300 anos atrás devem desaparecer… a nova Croácia se livrará de todos os Sérvios em seu meio, a fim de se tornar cem por cento católica, dentro de dez anos…mataremos uma parte dos sérvios, levaremos outra para fora e o resto será forçado a abraçar a religião católica romana…o Estado Independente da Croácia não pode nem deseja reconhecer a Igreja Ortodoxa Sérvia”

Não é válido defender Stepinac com a alegação de que ele pretendia defender a Iugoslávia do comunismo, a julgar que o nazismo seria algo um pouco melhor. Nada justifica o apoio irrestrito ao sanguinário governo de Pavelic.

CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO

Leiam o que está escrito em “O Holocausto do Vaticano”:
“Os representantes da única `Igreja verdadeira´ não apenas conheciam tais horrores, como alguns deles eram autoridades nesses mesmos campos e até haviam sido condecorados por Ante Pavelic. Como exemplo, temos o Pe. Zvonko Brekalo, do campo de concentração de Jasenovac, que foi condecorado pelo próprio líder com a “Ordem do Rei Zvonimir”. O Pe. Grge Blazevitch, assistente do comandante do campo de Bozanski-Novi; o irmão Tugomire Soldo, organizador do massacre dos Sérvios, em 1941. E outros mais”. Nesse tempo, estava no comando da Igreja Católica o papa Pio XII (1876-1958), pontífice de 1939 a 1958.

Tais campos de concentração estavam sob a supervisão direta de Pavelic. Aos ustashis cumpria enviar para os campos as pessoas não confiáveis, que eram sumariamente liquidadas. Vejamos apenas uma pequena descrição dos horrores:

“Em março de 1943 os internos do campo de Djakovo foram propositadamente infectados com tifo, causando a morte de 567 pessoas; em 15.09.41, a mesma coisa aconteceu no campo de Jasenovac, chegando a 600/700 o número de mortos; no campo de Stara Gradiska, 1.000 mulheres foram mortas; dos 5.000 Sérvios Ortodoxos levados para o campo de Jasenovic, no final de agosto de 1942, 2.000 foram mortos a caminho, os restantes transferidos para Gradina, onde, em 28.08.41, foram mortos a marteladas; no campo de Krapje, em outubro de 1941, 4.000 pessoas foram assassinadas, enquanto no campo de Brocice,em novembro de 1941, 8.000 tiveram o mesmo destino; de dezembro de 1941 a fevereiro de 1942, em Velika Kosutanica e Jasenovac, mais de 40.000 Sérvios Ortodoxos trazidos dos vilarejos das fronteiras da Bósnia, foram exterminados, inclusive 2.000 crianças; em 1942, havia cerca de 24.000 crianças, somente no campo de Jasenovac, das quais 12.000 foram assassinadas a sangue frio. Uma grande parte das restantes, tendo sido mais tarde liberada diante da pressão da Cruz Vermelha Internacional, pereceu aos montes, de intensa debilidade física. Em destas crianças, acima de 12 meses, morreram após saírem do campo por causa de soda cáustica adicionada à alimentação; o Dr. Katicic, Presidente da Cruz Vermelha, por haver denunciado ao mundo o extermínio em massa das crianças, foi internado no campo de concentração de Stara Gradiska, por ordem de Pavelic; na primavera de 1942, no desejo de imitar os campos nazistas da Alemanha e da Polônia, pessoas foram cremadas ainda vivas, simplesmente empurrando-as para dentro dos fornos previamente aquecidos”.

BEATIFICAÇÃO

“Há dois anos [1998] João Paulo II beatificou o Arcebispo de Zagreb, Cardeal Alojzije Stepinac, defensor da “limpeza étnica” implementada pelos católicos croatas nos anos 40, e prepara-se para fazer o mesmo em relação a Pio XII, o papa que pecou por omissão. Com a palavra Settimia Spizzichino, a única judia romana que sobreviveu a Auschwitz, depois de ser cobaia de Joseph Mengele:

“Voltei sozinha de Auschwitz [Cidade da Polônia, na província de Bielsko-Biala. Famosa por abrigar o maior campo de concentração nazista durante a segunda guerra mundial]. Perdi minha mãe, duas irmãs, uma sobrinha e um irmão. Pio XII poderia ter nos alertado para o que ia acontecer, poderíamos fugir de Roma e nos juntar aos guerrilheiros. Ele nos jogou nas mãos dos alemães. Tudo aconteceu debaixo de seu nariz. Quando dizem que o papa é como Jesus Cristo, sei que não é verdade. Ele não salvou uma única criança. Não fez absolutamente nada.” (O Estado de S.Paulo, 26.03.2000).

Sobre o assunto, li na Internet: “Decerto que o Papa pode beatificar e canonizar quem quiser, mas a beatificação de alguém com um passado no mínimo nebuloso como o Cardeal Stepinac [elevado a cardeal em 1953] é um insulto à memória de todos os que foram assassinados pela Ustasha e pelo nazismo”.
Com a derrocada de Hitler, caiu por terra o sonhado Estado Católico da Croácia. Em 11 de outubro de 1946, a Suprema Corte em Zagreb condenou o Arcebispo Stepinac a 16 anos prisão em trabalhos forçados. As principais acusações, conforme consta do processo, foram: 1) colaboração política com o inimigo e seus agentes; 2) convocação dos sacerdotes católicos para colaborarem com os traidores, conforme circular distribuída em 28.04.1941; 3) como presidente da Ação Católica e do congresso dos bispos influenciou a imprensa católica, que fez propaganda do fascismo, elogiou Hitler e Pavelic, e deu cobertura a todo o processo. Stepinac saiu da prisão antes do tempo previsto.

Não iremos descer aos detalhes das conversões forçadas de ortodoxos, que, diante do poder da espada, temendo por sua vida e de seus familiares, submetiam-se aos humilhantes ritos de iniciação ao catolicismo; também não faremos referência às crianças órfãs, aos milhares, que foram expatriadas, raptadas e levadas para outros países; colocadas em orfanatos dirigidos por padres e freiras, rebatizadas com nomes católicos, crescendo sem o contato com seu grupo étnico e religioso original; não falaremos do modo sanguinário, feroz e cruel como muitos Sérvios foram torturados e mortos, enterrados vivos, sangrados, mutilados; das dezenas de templos ortodoxos que foram destruídos ou transformados em salas destinadas às atividades ligadas ao catolicismo. Avro Manhattan, em seu minucioso trabalho em The Vatican´s Holocaust, registra à guisa de conclusão:

“Os massacres da Ustashi, todas as atrocidades cometidas por oficiais católicos, padres ou monges, faziam parte de um esquema friamente calculado para a total eliminação das massas ortodoxas, ativa e passivamente resistindo à sua absorção pela Igreja Católica no sentido de se tornarem ovelhas do seu rebanho. De fato, esta foi a política premeditada pela hierarquia católica, agindo em favor do seu verdadeiro e único inspirador – o Vaticano”.

E termino eu, dizendo e resumindo:. Guerras do Vaticano contra o nascimento da Jugoslávia, política católica de penetração e desintegração, separatismo croata, a USTASHI, assassinatos políticos, a Gestapo Católica, delegações fascistas ao papa, Ante Pavelic, o carrasco, e Pio XII em negociações secretas, expedições punitivas, execuções em massa, o aluno franciscano que cortou as gargantas de 1360 prisioneiros, ortodoxos sérvios crucificados, olhos arrancados das órbitas, famílias inteiras enterradas vivas por freiras e padres católicos, clero ortodoxo assassinado, a conversão ou a morte perante o monstro franciscano Padre Filipovic. Arcebispo Stepinac, supremo vigário apostólico do Exército Ustashi, campos de concentração para crianças ortodoxas, tudo com o aval do Vaticano. Um milhão de vítimas. O PAPA PIO XII ABENÇOA PAVELIC E A USTASHI por todas as suas acções em prol da defesa da fé .A mesma fé que o Vaticano ergue e alimenta em Fátima. Felizmente que não são tempos de holocausto.

 

6 Comments

  1. Adão, estamos de acordo no essencial, mas não no pormenor. Discordar de pormenores é uma tradição nossa e as tradições devem manter-se. Dizes: «Fala-se muito do holocausto nazi e de Estaline, fala-se alguma coisa da tenebrosa Inquisição, não se fala nada do holocausto praticado pela igreja católica na Croácia e não só, aquando da segunda Guerra Mundial. E a barbaridade e crueldade deste holocausto não fica a dever nada, pelo menos em qualidade, ao holocausto nazi. Em certas circunstâncias parece superá-lo.» Claro que não posso estar de acordo – comparar o Holocausto em que foram mortos seis milhões de judeus, as purgas estalinistas com uma contabilidade sinistra que, segundo alguns cálculos, atinge os 20 milhões, os crimes da Inquisição ao longo de séculos, com os praticados pelos católicos na Croácia durante a Segunda Guerra, não me parece que seja proporcionado. Foi horrível? Decerto que o foi. Mas também deves saber o que aconteceu aos católicos croatas após a guerra terminar. Milhares deles foram mortos indiscriminadamente. Diz-se que a esmagadora maioria dos muitos milhares de croatas executados nada tinha a ver com esses crimes. Foram mortos por ser croatas ou por ir à missa. Muitos dos criminosos escaparam. A Jugoslávia era um estado artificial dominado pela Sérvia. Os sérvios quiseram aculturar croatas, bósnios, montenegrinos… O mesmo que se passa no estado espanhol, na Grã-Bretanha. Os Balcãs eram (e são?) um caldeirão de ódio e ninguém tem as mãos limpas. Os sérvios, menos que ninguém. De forma que esta divergência de estimação tem um grande potencial.

  2. Quase que se fica sem ar, mas temos que saber. Infelizmente tem que fazer parte do nosso conhecimento. Não podemos, de modo nenhum, ignorar o sofrimento atroz que seres humanos infligiram a outros. “Felizmente não são tempos de holocausto” dizes tu e espero que tenhas razão, embora a guerra da Bósnia ainda esteja tão próxima de nós e a lava dos ódios só espere o momento oportuno de saltar. Muito bom este teu documento, Adão. Julgo mesmo que os testemunhos das atrocidades humanas se deveriam divulgar muito mais, não por curiosidade mórbida, mas porque muita gente desconhece o que aconteceu e tem muitas probabilidades de voltar a acontecer. É tão esmagador, o que fazer para que não se repita?

  3. É bem verdade que os Balcãs são um caldeirão de ódio sempre pronto a explodir a que não escapa nenhum grupo étnico. Talvez, neste caso, os muçulmanos ainda sejam os menos culpados e os mais atingidos – vide as violações em massa das mulheres muçulmanas, outra espécie de holocausto. Neste texto só há um coisa em que não acredito: que os nazis tenham ficado horrorizados. Nazis horrorizados, isso existe, ou existiu? É daquelas afirmações em que ninguém pode acreditar. Com Mengeis e outros que tais o que não se terá feito de igual naqueles campos?!

  4. Amigo carlos, estamos de acordo no essencial, e creio que também estamos de acordo no pormenor. O que eu disse, ou melhor o que eu transcrevi, é que, em qualidade e requinte de malvadez, o holocausto da Croácia, que é o mesmo que dizer o holocausto do vaticano é capaz de ter superado o de Hitler , de Estaline, e mais recentemente o dos EU.Nem eu nem tu, felizmente, estávamos lá. Nada podemos testemunhar. O que sabemos decorre da informação e da interpretação dos factos e fenómenos, que nós, como cidadãos conscientes e responsáveis, procuramos conhecer. Não é fácil, depois das monumentais atrocidades do Vaticano, pressuposta sede da moral, da justiça e do amor entre os homens, resistir à sede de vinçança, como não é fácil aos desgraçados iraquianos, afegãos e líbios, resistir à vontade de eliminar os seus algozes. Não podemos embarcar na ideia de que matar o assassino é ser igual ao assassino. Ainda que reprováveis são actos de de carácter diferente. Ao leres este texto de Avro Manhattan que hoje te envio, relatando o que fez a igreja católica, concordarás que é muito difícil, após a guerra, ser-se bonzinho para os algozes. Sou grande amigo de um casal de croatas, que por acaso até têm quadros meus, que relatam as atrocidades de antes e depois, mas sabem, amargamente, distingui-las e compreendê-las.Um abraço

  5. É um pouco isso – divergimos por vício de contra argumentar – se estivermos de acordo, isto perde a graça. No entanto, discordo mesmo da comparação – porque os genocídios e os holocaustos se medem pela quantidade e não pela qualidade. Os judeus podem ter sido mortos de forma mais asséptica, mas foram seis milhões. E depois há o que vinha de trás. A supressão da soberania croata – Gonçalo Ribeiro Telles usou uma metáfora engraçada para definir as nacionalidades reprimidas – são como os cursos de água que a construção desenfreada ocupou – quando há cheia, recuperam o ser leito e provocam grandes prejuízos. A culpa dos crimes e mesmo do terrorismo que as organizações independentistas praticam é sempre de quem lhes suprime a independência. A ETA e o IRA foram criminosos? Se espanhóis e ingleses não ocupassem terras alheias, a ETA e o IRA não existiriam. Sou contra o terrorismo, mas o terrorismo é culpa de quem oprime e transforma pessoas normais em terroristas.

  6. Assim, sim. estou de acordo contigo. “A culpa dos crimes e mesmo do terrorismo que as organizações independentistas praticam é sempre de quem lhes suprime a independência”. Com todos os males que há de permeio neste complicados fenómenos, há alguém de bom senso e inteligência a funcionar, que não consiga distinguir entre americanos e oprimidos, quem é terrorista?

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