Globalização e Desindustrialização – 4ª Série

Selecção e tradução por Júlio Marques Mota

 

Capitulo IV. 1. Bens e serviços negociáveis e não negociáveis no quadro da economia global: o caso da economia americana. Por Michael Spence e Sandile Hlatshwayo  – V

 

(Continuação)

 

 

A estrutura da economia americana está em evolução.

 

A estrutura da economia americana está a evoluir. A tecnologia é uma das forças motrizes, tanto no mercado interno como  na integração da economia americana com a economia mundial. Uma economia, não funciona no  vácuo. Numa economia global relativamente aberta, as mudanças estruturais nas economias emergentes podem levar a que estas forcem também a  mudanças estruturais  nos países avançados. Quando um certo tipo de actividade fica numa situação de declínio na  nossa economia, normalmente esta actividade  não desaparece pura e simplesmente  da economia global, mas em vez disso pode significar, normalmente é assim, que se está a deslocalizar para outro país. Estas poderosas forças de mercado operam directamente sobre o sector de bens e serviços negociáveis internacionalmente e, indirectamente, na produção de bens e serviços não negociados internacionalmente através dos salários e dos seus efeitos nos preços e da deslocação de oportunidades de emprego no mercado de trabalho.

 

Com o objectivo de dividir a economia em dois grandes agregados, em duas partes,  em actividades de produção de bens e serviços negociados e em  não negociados internacionalmente nós utilizámos  a metodologia desenvolvida por Bradford Jensen e Lori Kletzer. A metodologia destes dois autores determina que neste caso a colocação de uma indústria, de um ramo, de um sector numa ou noutra parte  é feita com base na sua concentração geográfica — quanto mais concentrada é a indústria, maior é a sua possibilidade de comercialização (e vice-versa). Por exemplo, tomemos o comércio a retalho: a sua presença geográfica omnipresente implica que se trata de uma actividade largamente não comercializável internacionalmente. O mesmo poderia ser dito para a limpeza a seco, para a construção e para a maioria dos cuidados de saúde. Por outro lado, o sector mineiro tende a ser geograficamente concentrado, o que aponta para a possibilidade de comercialização internacional.

 

A classificação de Jensen e de Kletzer reflecte com mais precisão o facto dos  bens negociáveis internamente do que o facto de serem negociáveis internacionalmente. Por exemplo, quanto aos serviços jurídicos, a possibilidade de comercialização no mercado interno e a possibilidade de comercialização internacional divergem. Nós adaptámos e ajustámos as suas classificações por principalmente olharmos para a estimativa de possibilidade de comercialização de cada sector e de  usarmos  simultaneamente  o senso comum e os dados das  exportações e importações para ver se as suas proporções reflectem a comercialização internacional das indústrias. Geralmente, as divisões parecem correctas, certamente com algumas indústrias a estarem bastante próximas da  imagem dada   pela evolução estrutural  geral,  sinal que não seria enganosa. Muitas indústrias são totalmente negociáveis ou não negociáveis internacionalmente, embora na maioria dos sectores exista um conjunto crescente de serviços fornecidos que são em princípio serviços negociáveis internacionalmente.


 

Nós olhamos para a mudança estrutural da economia americana, a partir de 1990 até  2008, até um pouco antes da crise. Nós examinamos o emprego e o valor acrescentado global e por sector industrial. Em seguida, combinando as duas medidas, nós olhamos para o valor acrescentado por trabalhador utilizado um valor estritamente relacionado com o rendimento.

 

Entre 1990 e 2008, houve um aumento líquido de postos de trabalho de 27,3 milhões numa  base de 121,9 milhões de trabalhadores em 1990. Por detrás destes valores e não visível está uma multiplicidade de diferentes tendências de emprego em vários sectores; os números que se mostram aqui são os montantes líquidos. Quase todos esses novos postos de trabalho, empregos adicionais, portanto, (26,7 para um total de 27,3 milhões) foram criados no sector de produção de bens e serviços não comercializáveis internacionalmente. No total, o crescimento do emprego no sector dos transaccionáveis era praticamente constante e de fraco significado: em algumas indústrias aumentou o número de postos de trabalho enquanto noutras  diminuiu. Durante o período considerado, o volume de emprego subiu durante a primeira década  e, em seguida, caiu para perto dos valores que tinha no início de  1990. Como se mostra claramente na  Figura 4, o sector dos bens e serviços não comercializáveis internacionalmente é grande e, em termos de percentagem do emprego total, tornou-se ainda bem maior ao longo do tempo.

 

  

Em termos das variações totais e para o período considerado o sector dos bens e serviços negociáveis internacionalmente teve um acréscimo líquido em postos de trabalho inferior a um milhão (figura 5).

 

 

(continua na próxima terça-feira, dia 15 de Maio)

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