DIÁRIO DE BORDO, 17 de Maio de 2012

 

 

Os mares estão realmente muito bravos. O Banco Central Europeu suspendeu os créditos a quatro bancos gregos. Razão declarada: não cumpriram a exigência de recapitalizar os seus fundos. Razão óbvio: pressionar os resultados das novas eleições. Os meios de comunicação batem a tecla: a culpa é do Syriza, que continua a ir contra a política de austeridade.  Escondem que podia perfeitamente ter sido formado governo na Grécia, mas que a Nova Democracia, o PASOK e outros partidos não querem correr riscos de, numa eleição futura, terem votações ainda mais baixas.  Daqui até 17 de Junho, data das novas eleições, vão chover pressões sobre os gregos.  Uma incógnita é a posição das forças armadas gregas.


Entretanto a Irlanda, no próximo dia 31, vai realizar um referendo sobre a adesão ao Tratado Orçamental Europeu. Michael Noonas, o ministro das finanças irlandês, diz que um sim ao tratado poderá reforçar a confiança entre os países do euro e o respeito dos mercados internacionais. Sugeriu ainda que a Grécia devia ter seguido em frente em Novembro de 2011 com a ideia do então primeiro-ministro Papandreou de fazer um referendo sobre o acordo com a troika. E que agora devia pensar em fazer um referendo sobre a manutenção do país no euro e em que condições. O tom foi claramente desdenhoso, e é sintomático da pouca solidariedade que existe entre os países da Europa, pelo menos ao nível dos dirigentes.  


Entretanto, o alarido de todas estas manobras para obrigarem os gregos a votar como pretendem os altos dirigentes europeus e os grandes financeiros acabam por esconder outras coisas gravíssimas que se vão passando no resto do mundo. Uma é a greve da fome de milhares de palestinianos que estão nas cadeias israelitas, no regime de detenção administrativa, que parece que agora chegou ao fim, com a mediação egípcia. Terão sido minoradas as condições de detenção, mas não consta que tenham havido libertações. As detenções administrativas são uma medida penal que vem desde o tempo do mandato britânico na Palestina, e que os israelitas usam para neutralizar elementos palestinianos mais activos, e enfraquecer a sua organização política. Estes palestinianos são presos políticos, sem terem direito a essa designação, por imposição de Israel e com o aval dos EUA e restantes potências ocidentais.


Entretanto, não se encontram referências a Marwan Barghouti, líder palestiniano, que alguns já intitularam de Mandela palestiniano, e que está detido há vários anos. A última vez que foi visto terá sido em Janeiro deste ano. 

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