Globalização e Desindustrialização – 4ª Série

Selecção e tradução por Júlio Marques Mota

 

Capitulo IV. 1. Bens e serviços negociáveis e não negociáveis no quadro da economia global: o caso da economia americana. Por Michael Spence e Sandile Hlatshwayo  – VIII

 

(continuação)

 

O Valor Acrescentado


Se uma empresa realiza um serviço internamente num dado  momento do tempo e, em seguida, mais tarde, adquire  o serviço a partir de  uma fonte externa, então o valor acrescentado pela empresa (com as outras coisas a permanecerem iguais) cai porque foi realizado  um serviço fora da empresa — esta parte da cadeia de valor  acrescentado torna-se um custo quando passou a ser adquirida.  Da mesma forma, quando um ramo de produção nacional deslocaliza uma  parte da cadeia de produção global  para outro país, o valor acrescentado no próprio país  vai cair, mesmo que as vendas do produto finais possam  permanecer as mesmas. Em suma, o valor acrescentado pode cair porque a indústria está em declínio ou porque há mais valor adicionado a ser criado por diferentes empresas, por diferentes países ou por ambas as coisas. Neste caso falamos de externalização quando a função é efectuada por outra empresa e deslocalização quando a função é executada noutro país. É evidente que a deslocalização é possível sem a externalização  (a empresa multinacional desloca a sua  actividade para outro país mas continua a executar esta mesma  função ), como é possível a externalização sem deslocalização ( a função continua a ser realizada no país mas por outra empresa) assim como é possível a externalização por deslocalização, em que a função é realizada noutro país e por uma outra empresa…

 

11 Todos os elementos dessa grelha podem ser encontrados nas economias avançadas e na economia global. A evolução da economia sugerida pelos dados de emprego é realmente bem diferente daquela que nos é contada pelos dados do valor acrescentado. A metodologia utilizada aqui é semelhante à que foi utilizada para o emprego.

 

 

Value added is allocated to the tradable and nontradable sectors

 

A Figura 10 ilustra o valor acrescentado na economia em dólares constantes de 2005 para cada uma das duas partes em que segmentámos a economia, para a parte da economia dos bens e serviços negociáveis e para a outra parte, a dos bens e serviços não negociados internacionalmente. O total do valor acrescentado é próximo do PIB da economia. O valor acrescentado na parte da economia dos bens e serviços negociáveis e a parte da economia dos não negociáveis cresceram a taxas semelhantes. Na verdade, a parte dos negociáveis, embora menor do que a dos não negociáveis, cresceu um pouco mais rapidamente e, portanto, cresceu marginalmente mais a sua parte no total do valor acrescentado, em acentuado contraste com a evolução do emprego total.

 

O valor acrescentado na parte dos não transaccionáveis.

 

A Figura 11 mostra as tendências do valor acrescentado nos sectores principais da parte  dos bens e serviços não  comercializáveis da economia americana. Como antes, a importância do governo é grande e em expansão, com um aumento de 16% no valor acrescentado de 1990 até 2008. O sector do imobiliário, de arrendamento e de aluguer temporário, leasing, cresceu um milhão de milhões de dólares em 1990 para 1,7 milhão de milhões até 2008, um aumento de 49%. No período pós crise, sem dúvida, tornou-se menor. Os cuidados de saúde (+ 40 por cento), as vendas por grosso, (+ 90 por cento) e as vendas a retalho (+ 60 por cento), todos estes sectores cresceram.

 

O valor acrescentado na construção aumentou em redor do ano 2000, e para valores semelhantes aos do seu pico de 2006,  em matéria de emprego. Alojamento e alimentação (hotéis, restaurantes e serviços de alimentação) também cresceram em valor acrescentado, mas talvez o que impressiona é a sua relativamente pequena  dimensão em valor quando em comparação com a sua quota de emprego: em 2008, a indústria representava 10% dos empregos no sector não comercializáveis, mas apenas 4% do valor acrescentado da parte dos não comercializáveis na economia. Isso, naturalmente, significa que o valor acrescentado por trabalhador será relativamente baixo neste sector, como é inevitável que o sejam também os salários e os rendimentos…

 

 

 

Os sectores de menor peso na parte dos não comercializáveis estão apresentados na Figura 12. São visíveis aumentos substanciais de 1990 para 2008 no sector das  informações (+ 91 por cento), na gestão de empresas (+ 25 por cento) e em actividades de serviços de apoio  às empresas  (+79 por cento).

 

 

(continua)

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