Depois de 2008 os mesmos escândalos, a mesma incapacidade de resposta, a mesma preferência pelo maior local dos crimes, a City de Londres.

Selecção, tradução e apresentação por Júlio Marques Mota

 

Crónicas sobre quem até os cães da minha infância seria capaz de  devorar

 

Conheça um pouco da história. O banco JP MORGAN perdeu recentemente muito dinheiro, muito mesmo. Estamos em plena crise, financeira primeiro, da dívida pública depois, e agora da dívida pública e financeira também. Entretanto há quem jogue ao poker, que jogue em cada lance dezenas de milhares de milhões, até à centena mesma, centena de milhares de milhões, mesmo que em cada lance possa ser um país que está sair jogado e esse país possa ser o seu. E nestes números, de muitos zeros para a minha cabeça,  não há engano, foram aplicados  em apostas, aplicações de investimento dirão  os   analistas,  apostas puras direi eu que não percebo nada disto. Conhece  as consequências, creio, bem espelhadas por um ditado africano que nos diz que quando dois elefantes combatem quem sai pisado é a relva.  Conheça um pouco como se combate, porque a relva somos nós, conhece as consequências das apostas, conhece-as diariamente, e conheça então o  que  está por detrás destas apostas, conheça um pouco a história de uma das reencarnações de Jesus, capazes de caminhar  sobre a água,  mas mais uma vez quem se afoga somos nós.  

 

Pelo meio destes textos há um avivar de memória de outras reencarnações de Jesus e em que cada reencarnação terá levado a um afogamento por mergulho, mas  do respectivo banco, claro.

 

 

1.   JP Morgan: depois das revelações as primeiras sanções

 

Le Monde, AFP e Reuters, 14.05.2012  

 

O banco americano JP Morgan Chase confirmou na segunda-feira, 14 de Maio, quatro dias depois da revelação de uma perda de corretagem de pelo menos 2 mil milhões de dólares, a demissão de Ina Drew, que, na sua qualidade de director de  tomada de posições,  supervisionou as operações. O banco também anunciou a formação de uma equipa que reúne vários executivos para  “tirar as lições e fixar as melhores práticas no conjunto do banco ” na sequência destas perdas. A demissão de Ina Drew foi anunciada desde domingo de manhã pelo New York Times e pelo Wall Street Journal.

 

Três demissões anunciadas

 

Com a idade de 55 anos, desde há cerca de três décadas a trabalhar na  casa,  Drew “apresentou a sua demissão  em várias ocasiões desde que o volume de perdas se  começou a tornar  evidente,  no final de Abril, mas  Jamie Dimon tinha.se abstido até agora de a  aceitar”, indica o NYT, que cita vários dirigentes do banco.

 

O jornal observa que a saída deste “alto quadro de confiança “de Jamie  Dimon marca “uma inversão da sorte espectacular para uma das mulheres mais poderosas de Wall Street”. Nos últimos anos, Drew tinha estabelecido o seu salário em cerca de 15 milhões de dólares por ano.


“Dois operadores de mercado, que trabalhavam para  Drew também já tinham planeado  demitir-se” acrescentou o diário  de Nova Iorque. Segundo o Wall Street Journal, seria Aquiles Macris, chefe da sala de mercados de Londres, que estaria na origem da perda agora declarada,  e um dos membros de sua equipa, Javier Martin-Artajo.


Primeiro banco americano em termos de activos, JP Morgan, anunciou na quinta-feira passada que tinha registado nas últimas seis semanas uma perda de  2 mil milhões sobre as suas actividades comerciais, perdas que ainda poderiam vir a aumentar. O Presidente Jamie Dimon indicou nessa data que o seu banco estava a procurar entender como é que essas perdas puderam ocorrer no quadro de operações inicialmente destinadas a cobrir a sua exposição ao risco de crédito considerado nos créditos pelo banco concedidos.

 

Jamie  Dimon reconheceu que houve “muitos erros, muita falta de rigor e más decisões”. O WSJ tinha sido o primeiro a publicar um artigo, no início de Abril, descrevendo o espanto do centro financeiro de Londres, face às posições altamente arriscadas e aos enormes volumes em risco de um corretor  francês do banco, Bruno Michel Iksil. De acordo com o WSJ, Iksil também deve deixar o JP Morgan, mas a data é ainda desconhecida.


“Ao lado dos factos”

 

Numa entrevista transmitida no domingo  pela  televisão NBC,  Dimon admitiu que ele “estava completamente fora da situação” qualificando primeiramente  as revelações do WSJ de “tempestade num copo de água”. “Estávamos brutalmente enganado o que é agora bem evidente”. “É praticamente imperdoável”, acrescentou, no entanto, defendendo a solidez de seu banco, que apresentou em Abril um lucro líquido de 5,4 mil milhões, somente durante o primeiro trimestre.


“Podemos ter infligido a nós mesmos um enorme prejuízo e podemos ter danificado a nossa credibilidade, sim, e devemos estar totalmente preparados para pagar o seu preço,” disse ainda  Dimon,  nesta entrevista sexta-feira, em que o título JP Morgan perdeu  9.28% na bolsa de valores de Nova Iorque.  Jamie  Dimon terá de responder  com esses problemas aquando da Assembleia Geral dos accionistas da sua empresa,  agendada para a próxima terça-feira em Tampa, Flórida.


O título JP Morgan ainda deve ser evitado pelos investidores, depois da agência de notação   Fitch ter baixado a nota do banco de um nível  pela perda resultante da especulação,  bem como a Standard & Poors ao  passar a sua perspectiva para o grau de negativa .

Leave a Reply