agenda cultural de 4 a 10 de Junho de 2012

 

 

 

 

por Rui Oliveira

 

 

 

Cordas sobresselentes (2ª parte)

 

 

 

 

   Há Sexta 8 de Junho, no Pequeno Auditório do Centro Cultural de Belém, às 21h, num espectáculo chamado Meu Fado Jasmim a cantora chinesa Cao Bei, uma cantora apaixonada pelo fado aproveita a sua paixão para ligar a cultura milenar chinesa ao património do fado.  

   Terá criado uma fusão entre as duas culturas através dos instrumentos e da sua voz, e transformado a música dos dois países num efeito novo, mantendo a sonoridade tradicional. Imagine-se um ambiente onde a Ópera de Pequim se exprime através de instrumentos ocidentais e onde as cordas da guitarra portuguesa são elevadas por uma voz chinesa a cantar fado em mandarim. Além disso, o mistério da música tibetana e da flauta vão estar lado a lado com os murmúrios de um tema nepalês, em sânscrito, convidativo à meditação. Terá momentos mágicos, nunca vistos, em que os Instrumentos ocidentais interpretarão canções budistas e os sons cristalinos do Guzheng (ou harpa chinesa) tocada pela própria cantora, conduzir-nos-ão até ao Oriente.

    Intervêm Cao Bei voz e guzheng (harpa chinesa), Ruben Alves piano, João Bengala viola e guitarra clássica, Miguel Leiria contrabaixo, Diogo Leónidas bateria e percussão, João Vaz saxofone e flauta e Costa Branco guitarra portuguesa.

   Pode aqui apreciar-se o sucesso desta “paixão” em contraste com a jóvem fadista JoanaLopes em Nem às Paredes Confesso no Centro Cultural da Malaposta em Maio de 2011 :

 

  

 

   Nesta Sexta 8 de Junho, até por omissão de outros eventos, sugere-se a visita à Sala do Mezanino do Museu Nacional de Arte Antiga para ver a exposição Desenhar o Novo Mundo. Cartografia e Naturalia da Casa da Ínsua patente até 15 de Julho próximo.

   Na segunda metade do século XVIII, diversas cortes europeias organizaram missões aos territórios do Novo Mundo, com o propósito de cartografar e registar de forma sistemática o seu relevo, principais cursos de água, povoamento, usos e costumes das populações, fauna e flora… Conhecidas por Viagens Filosóficas, estas expedições eram lideradas por naturalistas, verdadeiros cientistas itinerantes, que se faziam acompanhar de desenhadores especializados.

   Por tais objectivos iluministas, a Coroa Portuguesa encarregou o naturalista Alexandre Rodrigues Ferreira de conduzir uma missão de reconhecimento do amplo território brasileiro, que acabou por realizar-se entre 1783 e 1795. A expedição percorreu as diversas capitanias, passando também por Mato Grosso, governada pelos irmãos D. Luís e D. João de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres, senhores da Casa da Ínsua (Penalva do Castelo, Viseu) (ver imagem anexa) e reuniu um importante núcleo de desenhos cartográficos e arquitectónicos, na sua maioria militares – da autoria de José Joaquim Freire e Joaquim José Codina, dois dos mais destacados desenhadores da missão de Rodrigues Ferreira –, entre os quais se destacam os do famoso Forte do Príncipe da Beira, mandado construir por determinação sua.

   Completa este espólio um segundo conjunto de desenhos – do qual fazem parte os exemplares expostos no MNAA – constituído por cópias de um levantamento das espécies naturais, realizadas durante a mesma missão para serem oferecidas a D. Luís, então governador da capitania. Os dois grupos de desenhos – raros e valiosos testemunhos de uma aventura que uniu dois hemisférios numa fascinante aliança entre ciência e arte – farão parte do Núcleo Museológico da Casa da Ínsua (projecto museológico do MNAA).   

 

 

   Aproveita-se para informar que a exposição De Amicitia –  100 Anos do Grupo dos Amigos do Museu Nacional de Arte Antiga (1912 – 2012) comemorando esse e que reúne uma selecção de obras doadas pelo GAMNAA, ou por seu intermédio, expostas na Sala do Tecto Pintado do MNAA teve o seu encerramento adiado para 10 de Julho.   

 

   Neste dia 8 de Junho, pode ainda ouvir-se no Jardim do MNAA o habitual Outjazz às 18h com o Quarteto phAT (com André Ferreira contrabaixo, João Santos bateria, Fábio Madeira piano e Nelson Marques guitarra acústica), de que mostramos um excerto.

 

 

 

   Também na Sexta 8 de Junho, no Ondajazz, às 22h30, a cantora Maria Emauz, acompanhada por Sérgio Gomes (piano e voz), João Malló (guitarra), Zeca Neves (contrabaixo) e André Sousa machado (bateria), recebe como convidados Nanã Sousa Dias (saxofone), João Courinha (sax soprano), Mário Jorge (guitarra) e João Balão (percussão) num espectáculo que chamou “N*manias” e que festeja um reencontro após 12 anos.

   É este o seu som habitual, p.ex. em With Every Breath I Take :

 

 

 

 

 

   No Sábado 9 de Junho, às 16h no Palácio Nacional da Ajuda um Trios com Piano de Jovens Solistas da Metropolitana composto por André Gaio Pereira violino, Hugo Paiva violoncelo e Jan Wierzba piano vão tocar de Johannes Brahms  Trio com Piano n.º 1 em Si maior, Op. 8 e de Dmitri Chostakovich  Trio com Piano n.º 2 em Mi menor, Op. 67.

 

   No Cinema São Jorge, às 21h30 deste Sábado 9 de Junho, a cantora Yolanda Soares que cruza influências de bel-canto clássico, canto gregoriano, fado, pop, rock sinfónico e jazz, num registo de “crossover”, vem actuar no espectáculo Fado em Concerto – O regresso.

 

   Há no Ondajazz, às 22h30, mais uma presença do José Menezes 4tet, onde figuram  José Menezes  saxofones, Daniel Bernardes  piano, Carlos Barretto  contrabaixo e Carlos Miguel  bateria.

 

   Face à escassez já pré-estival, resta (como aconselhámos na semana passada) gozar a visita ao Centro de Arte Moderna da F.C.G. onde permanecerão (inauguradas no passado dia 1) até 2 de Setembro duas exposições de algum mérito.

  

   A exposição “Entre/Between” de Antoni Muntadas (Barcelona, 1942) no Hall, Sala A e B, Nave e Galeria -1 do CAM é uma seleção da mostra mais ampla que o Museu Nacional de Arte Reina Sofia (Madrid) expôs recentemente e tem a curadoria de Daina Augaitis.

   Incidindo nos trabalhos da década de 70, o início do percurso artístico de Muntadas, a exposição permite contactar com uma série de obras desconhecidas entre nós e que são portadoras de uma vitalidade conceptual e criativa assinalável.

   De referir a ocupação por inteiro da galeria 01 com a instalação Exhibition (1987), poucas vezes mostrada e uma obra incontornável onde a crítica institucional, o rigor de meios e a reflexão sobre os próprios mecanismos museológicos é levada ao extremo da depuração e da eficácia comunicacional, características que atravessam toda a obra do artista.

 

   A Sala de Exposições Temporárias e a Sala Polivalente do CAM apresentam a primeira exposição retrospectiva póstuma da obra de Jorge Varanda (Luanda, 1953 – Lisboa, 2008) intitulada “Pequeno Almoço sobre Cartolina” com curadoria de Lígia Afonso.

   O seu título remete para uma folha de cartolina, onde o artista desenhou o contorno de alguns objetos e escreveu palavras como “local de bandeja”, “pão” e “controlo remoto”, que sugerem uma refeição matinal em frente de uma televisão – elemento de considerável importância na obra de Jorge Varanda.

   “A figuração do quotidiano em torno da casa é mostrada em suportes multidimensionais que variam entre relevos articulados, caixas que são interiores de pequenos teatros ou exteriores de prédios de grandes cidades, ora em biombos e outros dispositivos, mas também pintura seriada, filme e vídeo, numa diversidade de trabalhos que está na base do raciocínio plástico com que Varanda desenvolveu um percurso marginal, mas pioneiro na exploração do suporte digital” (diz o catálogo da mostra).    

                           

 

 

 

   No Domingo 10 de Junho, o Alkantara Festival 2012 encerra com um evento excepcional num cenário extraordinário, onde Björn Schmelzer e o Ensemble Graindelavoix, em conjunto com Anne Teresa De Keersmaeker e Rosas, apresentam uma versão concertante exclusiva de Cesena sob as góticas abóbadas manuelinas do Mosteiro dos Jerónimos.

   Na sala do antigo refeitório do Mosteiro, às 15h, as linhas complexas da música polifónica quatrocentista da Ars Subtilior irão ressoar reproduzindo as Songs for popes, princes and mercenaries (c.1400) (ed. Glossa 2011) e assim (como diz o programa) “… ambas as formas de arte, apesar de distantes no tempo e no espaço, formulam uma resposta refinada e sofisticada ao contexto da peste e do desespero que envolveu a sua criação”.

   Dessa versão concertante pode ter-se uma percepção em :

 

 

   Inaugurada a 1 de Junho último no espaço Round the Corner do Teatro Trindade, a exposição de fotografias “Lusophonic Art – Gente, parte II” (já de circulação internacional) reune trabalhos de 2Santoss, LF e Mario Grisolli e encerrará a 28 de Junho (das 15 às 21h).

 

The Man who sold the World de 2Santoss

 

 

 

   No mesmo dia 10 de Junho, às 14h30, formações das Escolas da Metropolitana comemoram num concerto de entrada livre os 20 anos da Orquestra Metropolitana de Lisboa no espaço do Cinema São Jorge, com um programa ainda desconhecido.

 

   Também a 10 de Junho, às 18h, os Concertos nos Jardins do Beau Séjour (na Est. de Benfica nº 368, onde se encontra o Gabinete de Estudos Olissiponenses da CML) proporcionam uma sessão com a Orquestra Sinfónica da Escola Superior de Música de Lisboa. A entrada é livre.

 

     Como todo os Domingos de Junho no Anfiteatro Keil do Amaral (em Monsanto), às 17h, há  Outjazz, actuando aí o projecto Bling, com os Djs português Dedy Dread e italiano Rebel neste 10 de Junho.

 

   Por último, neste 10 de Junho, a propósito das comemorações do Dia de Portugal  e das “Festas de Lisboa”, Sérgio Godinho irá apresentar um espectáculo único evocativo dos “40 anos de canções” na Praça do Comércio, às 22h.

   Contará com a colaboração de convidados que, de alguma forma, se cruzaram com o cantautor como Jorge Palma, Manuela Azevedo (Clã) e os Virgem Suta.  Do repertório farão parte não só temas que atravessaram gerações mas também músicas do seu mais recente trabalho “Mútuo Consentimento”, editado em Setembro do ano passado.

   É este o seu som actual em, p.ex., Bomba Relógio :

 

 

 

 

 

 

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