No dia seguinte segui para Teixeira de Sousa aonde vim encontrar os meus companheiros, de coração destroçado pelas perdas sofridas. Regressei à Lumbala nesse mesmo MVL, e como regressava de férias não tinham farda nem armamento, pelo que tive de improvisar uma farda e a minha arma de defesa foi uma pistola Walther…
Depois disto outros trágicos acontecimentos surgiram… uma mina na picada quando o 1º grupo ia à lenha para os lados do Cavanda (estrada de Caripande) e logo o despoletar de algumas armadilhas instaladas na mata circundante…Alguns companheiros feridos e a necessitar de evacuação por via aérea…
Mais tarde o accionamento de duas minas, que embora se encontrassem instaladas lado a lado (à distância do rodado de uma Berliet), foram rebentadas em dias separados, primeira pela roda de uma Mercedes e a segunda por um Unimog, na picada entre a Lumbala e o Chilombo (direcção do Cazombo).
Esta última causou o momento mais negro da nossa jornada em Angola, o de maior sofrimento, terror e raiva vivido pela nossa Companhia.
Após o 25 de Abril aquela zona tornou-se efectivamente no “Champ Minnée”, como dizia o mapa que encontrámos pintado na parede do bar da messe de sargentos, no dia em que chegámos à Lumbala!
Nota: O autor foi Furriel Miliciano do 2º Grupo de Combate da 1ª Companhia de Caçadores do Batalhão 4212/73 aquartelado na Lumbala Nova.
Publicada por J.C.
LUMBALA – ” A NOVA ”
Assim se chamava a localidade onde a nossa companhia esteve aquartelada.
Pertencia à antiga província do Moxico, cuja capital era o Luso, hoje ambos os nomes foram substituídos por LUENA, nome da etnia indígena que habitava aquela região do planalto, onde existia o Parque Nacional da Cameia.
Situava-se naquele quadradinho no Leste de Angola, mais conhecido pelo Saliente Cazombo. Ficava na margem esquerda do Rio Zambeze entre as confluências dos rios Luena e Lumbala e era atravessada pela estrada que ligava o Cazombo (Alto Zambeze) a Caripande, na fronteira com a Zâmbia.
Na margem direita encontrava-se a Lumbala “a Velha”, onde outro destacamento militar se encontrava aquartelado, e da qual partia a estrada de ligação ao Lucusse.
No presente toda essa toponímia está um pouco alterada e nas buscas efectuadas pouco conseguimos apurar, desconhecendo se alguma destas localidades está habitada, pois a guerra e a fome obrigaram as populações a movimentarem-se para outras áreas dentro e fora do território angolano.
Quando pesquisávamos a palavra Lumbala, apareceu-nos uma nova localidade com a toponímia Lumbala-N’Guimbo, situada onde antes era N’Guimbo e, no nosso tempo, julgo que, Gago Coutinho (terra dos Bundas).
Cheguei a esta conclusão porque o seu “aeroporto” tem a sigla “GGC”!