CINCO GRANDES COMPOSITORES PARA UM GIGANTE DA POESIA – 1

João Domingos Bomtempo nasceu em Lisboa em 1775 e morreu na mesma cidade em 1842. Filho de Francisco Savino Buontempo que veio para Portugal contratado para a orquestra real de D. José I, tendo casado com uma portuguesa, Maria das Dores de Almeida de quem  nasceu João.

Começou os seus estudos com o pai, continuando-os na Irmandade de Santa Cecília. Com 25 anos, partiu para Paris onde se destacou como virtuoso de piano. Na capital francesa alargou os seus horizontes, inclusivamente no convívio com exilados políticos liberais, como Filinto Elísio.

 

No regresso a Portugal tentou criar em Lisboa estruturas culturais de nível europeu. Talvez inspirado pelo aparecimento em 1812 da Philarmonic Society of London, quis fundar uma sociedade de concertos que divulgasse o gosto pela música instrumental. A tacanhez que imperava não o permitiu e só em 1820, após o triunfo do liberalismo, teve possibilidade de lançar as bases da Sociedade Filarmónica. Mas depressa o espírito reaccionário se impôs com a contra-revolução miguelista, obrigando Bomtempo a pedir asilo ao consulado russo onde esteve abrigado até o despotismo absolutista ser derrotado.

 

Com a restauração  da monarquia constitucional, após o termo da guerra civil, em 1834, Bomtempo pôde levar à prática alguns dos seus projectos, nomeadamente o da criação do  conservatório de Música, fundado em 1835 e de que foi director até morrer. Domingos Bomtempo é uma grande figura da música portuguesa, ocupando um lugar cimeiro entre os renovadores  da nossa cultura. Grande parte da sua obra como compositor é pouco conhecida e no entanto foi autor de peças notáveis como o demonstra o Requiem à memória de Camões que aqui apresentamos na interpretação do Coro e Orquestra de Câmara  de Americantiga, um agrupamento brasileiro especializado em música brasileira, hispano-americana, portuguesa e italiana dos séculos XVIII e princípios do XIX.

 

Do Requiem à Memória de Camões, Paris 1819
Dies irae – por Americantiga –  Coro e Orquestra de Câmara dirigida pelo maestro  Ricardo Bernardes (gravação feita em 9 de Junho de 2006)

 

 

 

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