DIÁRIO DE BORDO, 9 de Agosto de 2012

 

Paul Watson é um canadiano de sessenta e um anos, que há muito milita pela defesa do ambiente e pelos direitos dos animais. Ligado à fundação do Greenpeace, foi  fundador em 1977 da Sea Sheperd Conservation Society, tem organizado e participado em numerosas campanhas, algumas delas em prol das baleias. Nestas acções enfrentou frotas pesqueiras de vários países, como a Rússia, Japão, Noruega e outros, tendo conseguido inclusive, com a sua equipa, impedir várias operações de pesca clandestina.  Terá assim granjeado bastantes animosidades junto dos proprietários das frotas, e dos países a que pertencem. Entretanto, em 2000, a insuspeita revista Time Magazine nomeou-o como um dos Heróis Ambientais do século XX. Paul Watson foi distinguido pela sua actividade em várias outras ocasiões.

Em 2002 Paul Watson participou numa filmagem ao largo da Guatemala (ver http://www.lemonde.fr/planete/article/2012/08/08/interpol-demande-l-arrestation-de-l-ecologiste-paul-watson-enfui-d-allemagne_1743568_3244.html) sobre a prática do shark finniing, que consiste em pescar os tubarões, cortar-lhes as barbatanas, e atirar os corpos ao mar. Então deu-se um incidente com um barco da Costa Rica, que acusou Paul Watson de pôr em risco a vida dos tripulantes. A Costa Rica emitiu um mandato de captura, e Paul Watson foi detido na Alemanha, onde teve de pagar uma caução avultada para não ficar detido. Fugiu e está oculto algures. Foi feita uma denúncia à Interpol, que após algumas dúvidas, aceitou procurá-lo. Paul Watson, através do site da Sea Sheperd, declarou ter provas concludentes de que nunca pôs em risco a vida dos pescadores, e acusou a Costa Rica e a Alemanha de conspirarem para o extraditar para o Japão, onde pretendem detê-lo para silenciar a Sea Sheperd.

A situação de Paul Watson tem bastantes semelhantes com a de Julian Assange, o fundador da Wikileaks, agora considerado como o inimigo público número 1 dos EUA. Impendem sobre ele acusações graves sobre abusos e violações, que terá cometido na Suécia. Mas parece que essas acusações não passaram da fase da denúncia. Terão sido suficientes contudo para fundamentar um pedido da Suécia de extradição do Reino Unido que parece estar em vias de execução (qualquer comparação com o caso de Vale e Azevedo é pura coincidência, ou não?), e que motivou o pedido de Assange de asilo político ao Equador, em cuja embaixada de Londres se encontra refugiado. Assange teme obviamente a extradição para os EUA, em cujas prisões aguarda julgamento o soldado Bradley Manning, acusado de colaboração com o WIkileaks.

Nas prisões norte-americanas encontram-se presos cinco cubanos, que tentaram infiltrar-se nos movimentos anti-castristas (ver o nosso colega O Clarinete: http://oclarinet.blogspot.pt/2012/08/cinco-herois-cubanos-presos-nos-eua.html). Parece que a única coisa provada contra eles foi que tentaram impedir acções terroristas contra Cuba.

Julian Assange vai ser defendido por Baltazar Garzón, outro marginalizado pelos poderes oligárquicos que nos governam. Já olhado com suspeição desde que tentou prender Pinochet, foi afastado sob pretextos que procuram esconder a retaliação por pretender investigar os crimes do franquismo.  Está a formar-se cá um grupo de marginalizados… Diário de Bordo não pode assegurar a inocência de todos, mas declara estar certo que entre os seus perseguidores há gente muito mais perigosa. E você, leitor, que acha?

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