EDITORIAL – Por que apoiamos a independência da Catalunha

Uma Península Ibérica unificada é um sonho antigo. No longínquo século XI, Afonso VI, o Bravo, rei de Leão, avô de Afonso VII de Leão e Castela e de Afonso I de Portugal,  autoproclamou-se  Imperator totius Hispaniae. Com grande parte da Península ocupada pelos muçulmanos, o título era fantasioso. Diz-se que quando os  reis católicos, após a conquista do Reino de Granada, começaram a chamar Espanha a um território onde além do reino mouro, havia os reinos de Aragão e de Castela, D. João Il, primo de Isabel e de Fernando, lhes terá chamado a atenção para o abuso que a designação implicava. No entanto, ele próprio sonhava com uma Península hegemonizada por portugueses. O que teria acontecido não fora a morte do infante D. Afonso.

Cinco séculos depois essa utopia é um estado que existe à luz do Direito internacional, mas, como uma manta de retalhos mal cosida, ameaça a todo o momento romper-se. Todos ouvimos falar da luta, que desde há cerca de 50 anos, os independentistas bascos   conduzem contra o centralismo castelhano – nem sempre da melhor maneira, diga-se. Na Galiza há várias correntes separatistas (que parecem não se entender). Na Catalunha, o processo vai muito mais adiantado. E no próximo Domingo, dia 25, os catalães vão às urnas – do resultado eleitoral depende a permanência da antiga nação catalã dentro do estado. Porém, seja qual for o resultado, acredita-se que a recuperação da independência da Catalunha estará para breve.

O excelente cineasta Pedro Almodóvar, o escritor peruano Mario Vargas Llosa, prémio Nobel da Literatura e centenas de intelectuais assinaram um manifesto, publicado pelo El País, contra a independência catalã.  promovida pelo governo autónomo da Catalunha. Custa a acreditar que pessoas de tal envergadura cultural defendam o ideal de uma Espanha,  em cujo interior há diversas nações subjugadas. Alguns dos que agora defendem essa coesão forçada, saudaram a dissolução da União Soviética, bem como a da Jugoslávia. Não entendem que Espanha e Grã-Bretanha são casos similares e que a Catalunha, o País Basco ou a Galiza, a Escócia, a Irlanda ou o País de Gales, têm tanto direito à independência como a Ucrânia ou a Croácia.

No próximo dia 25, toda a nossa edição será dedicada à Catalunha. Oxalá possamos, no final dessa jornada, saudar o reaparecimento da bandeira catalã entre as das nações livres e democráticas do mundo.

2 Comments

  1. Les eleccions del proper dia 25 només suposarien un pas ràpid cap a la independència si els partits que han inclòs en el seu programa la proclamació immediata de la República Catalana, és a dir Esquerra Republicana (ERC) o Solidaritat per la Independència (SI), hi aconseguissin la majoria absoluta, cosa que és del tot improbable. Convergència i Unió (CiU) que serà la força més votada, no contempla en cap cas la proclamació unilateral d’independència, ni tan sols si obté la majoria absoluta; el seu compromís és la convocatòria d’un referèndum per l’Estat propi dins de la legalitat constitucional o, en el cas molt probable que l’Estat espanyol no hi consenteixen, emparant-se en un altre marc legal. Tanmateix, de les eleccions del 25 sortirà, molt probablement, una majoria parlamentària molt important a favor de la independència o de l’Estat propi. I això suposa un pas molt ferm cap a la plena recuperació nacional de Catalunya. L’endemà del 25 de novembre el camí cap a la consecució d’aquest objectiu estarà molt obert; el que passarà, però, encara no està escrit.

Leave a Reply