O Reino de Castela pode ter colónias? – por Carlos Leça da Veiga

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ESPANHA, EXISTE?

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O Reino de Castela pode ter colónias?

Por Carlos Leça da Veiga

Se Portugal – e muito bem – não podia, nem devia, ter quaisquer colónias que razão haverá para que o Reino de Castela possa tê-las?

Espanha, melhor dito, o Estado Espanhol, não é nada mais que a expressão acabada do expansionismo colonialista do Reino de Castela.

Antes deste Reino ter-se abalançado às suas conquistas de além-mar – feitas com o comando decisivo do português Cristóvão Colombo – começou por colonizar, pela força armada, as Nacionalidades das suas periferias territoriais, exactamente, as que envolviam a sua posição central na Península Hispânica com a excepção, sempre lamentada, de não conseguir o espaço português.

O estado espanhol não passa dum conjunto de Nacionalidades oprimidas pela prepotência ditatorial do militarismo de Castela. Tudo quanto possa dizer-se em contrário é uma falsidade. Durante muito tempo – e nisso o franquismo foi exímio – não só houve uma conveniente transferência de populações como, também, as escolas de todo o território dito espanhol só ensinaram o castelhano, uma língua passada a alcunhar-se de espanhol.

Terminada que foi a época dos colonialismos já não é aceitável – e só é reprovável – que os Estados-Nação, construídos sob a base da destruição da autonomia de várias Nacionalidades, possam continuar a afirmar-se como unidades políticas respeitáveis e, para cúmulo, a reclamarem-se do estatuto de Democracias. Neste aspecto, aliás caricato, a Espanha não é caso único na Europa onde, por desígnio, na chamada União Europeia, como é bem conhecido, campeia a predominância do velho expansionismo prussiano, um repetente, jamais arrependido, dos maiores atentados bélicos que o Continente europeu já conheceu.

Portugal que não domina qualquer Nacionalidade tem, como assim, a particularidade notabilíssima de não ser um Estado-Nação, outro sim, uma Nação-Estado. Trata-se, afinal duma circunstância estratégica de valor ímpar como, por igual, com um grande significado democrático para o concerto das Nacionalidades oprimidas, mau grado este aspecto fulcral tenha sido sempre silenciado pela tradicional subserviência das sucessivas governações portuguesas.

Portugal, os portugueses, devem contrariar aberta e francamente a opressão a que estão sujeitas as várias Nacionalidade existentes no estado espanhol e, também, defender a sua Libertação Nacional. A qualquer delas tem de caber o estatuto da sua Independência política e, desse modo, cada qual, tem de ver-se representada na Assembleia-Geral das Nações Unidas com a autonomia completa reservada aos Estados Soberanos.

10 Comments

  1. És cert que la política espanyola, pel que fa a les relacions amb els territoris que es consideren ells mateixos nacions -i que la constitució espanyola anomena amb l’eufemisme de “nacionalidades”-, ha adoptat sovint un comportament que té molt a veure amb l’arrogància prepotent d’una metròpoli envers les colònies. Però també és cert que cap territori dels que avui dia, de grat o a desgrat, són part de l’Estat espanyol no ha estat ni és una colònia. Territori ocupat, territori vençut -“província”-, territori a abatre…, això sí, però tant Catalunya i el País Valencià com el País Basc, i actualment també Balears per obra i gràcia del turisme, no han abdicat mai de la iniciativa econòmica i empresarial. Se’ls ha negat el poder polític o se’ls ha concedit a canvi de claudicacions, però han estat territoris capdavanters en la creació de riquesa i en la dinamització, la modernització i la dinamització del país. El matís és important, perquè no es tracta de territoris abocats a un procés de descolonització, amb tot el que comporta de desgavell i de mancances estructurals; ben al contrari, es tracta de territoris que són pilars fonamentals de l’Estat en molts aspectes, i malgrat els reiterats intents de transvasament del seu potencial cap a sectors més controlables per l’Estat per tal de frenar les més que probables temptacions centrífugues, són territoris -ens nacionals- molt ben preparats -fins i tot excel·lentment preparats- per a la sobirania i l’Estat propi, per a la independència. Però és cert, l’actitud arrogant i despectiva i la pretensió de superioritat que caracteritza les relacions de la metròpoli envers les colònies ha estat un dels factors -importantíssim- que ha impedit a l’Estat espanyol la construcció d’un projecte comú amb la capacitat integradora i l’atractiu necessaris perquè s’hi sumessin de grat les nacions que l’integren.

  2. Meu Caro Leça da Veiga: exceptuando a afirmação de que o Cristóvão Colombo era português, estou de acordo com o que dizes. A diplomacia portuguesa tem sido de uma cobardia lamentável. A demonstração cabal dessa cobardia, está no caso de Olivença. Arrasta-se há mais de duzentos anos e nenhum governo da monarqquia, da I República, da Ditadura ou posterior a 1974, exigiu peremptoriamente a restituição de um território que, à luz do direito inrtenacional, é português. Alega-se que não merece a pena criar problemas com um vizinho por causa de um pedaço insignificante de terra – insignificante ou não, é 16 vezes maior do que Gibraltar e os sucessivos governos espanhóis não cessam de exigir que lhes seja devolvido. Com o ar de estupidez desenvolta que o caracteriza, o Sócrates dizia que desejar a fragmentação de Espanha, era um disparate – pois um estado forte e maais desenvolvido ao nosso lado, atraía investimentos para o nosso País. A lógica das lojas âncora nos supermercados. È óbvio que um Estado espanhol mais reduzido e outras três nações de dimensão mais compatível com a nossa, seria vantajoso. Mas nem é esse o aspecto mais importante – não se trata de negócios, mas de justiça. As nações submetidas pelo centralismo madrileno têm direito à independência.

  3. É certo que o irmão Bartolomeu nasceu em Portugal, mas Cristóvão Colom[bo] era galego de Ponte Vedra, concretamente da paróquia de Santa Maria (sic) de Poio. A tal da “caravela” Santa Maria, que era na realidade um barco mercante da conhecida família de mareantes Colom[bo] era antes apelidada como “A Galega” ou “La Gallega”. Desculpem lá…

  4. Perdão, é na paróquia de Santa Maria de Ponte Vedra (e não de Poio, na frente, como Porto e Gaia) onde um dos altares conserva uma inscrição à família Colom, patrocinada pelo Grémio de Mareantes.

    1. Cara Isabel, já vejo que temos aqui assunto para mais um debate – a nacionalidade de Cristóvão Colombo. Há «provas» de que nasceu em Portugal (Mascarenhas Barreto, por exemplo, para não falar no jOsé Rodrigues dos Santos…), há «provas» de que nasceu em Barcelona (um prof. cujo nome não me ocorre), há «provas» (que não conhecia) de que nasceu na Galiza. O Professor Luís de Albuquerque, apresentou provas inequívocas de que nasceu em Génova. Há uma coisa que não percebo – por que motivo tanta gente disputa o local de nascimento de um sujeito que morreu pensando que tinha atingido a Ásia. Um almirante que falha de uma maneira tão grosseira a contagem das milhas marítimas, merecerá tanta preocupação?

  5. Essas “provas” não são provatórias. Especialmente as de Génova e Barcelona. E as de vários lugares na Itália não somente Génova (de Génova unicamente existe a afirmação do próprio Colom de ter nascido lá, explicada pela sua origem judia e necessidade de despistar as autoridades). De todos esses lugares, é unicamente em Portugal que há provas de Colom ter estado lá, a viver com a sua família, de criança. Porque como eram galegos, podiam fazê-lo e integrar-se sem problemas na vida portuguesa (muito galega naqueles tempos, muito mais que agora…). Mas é que em Ponte Vedra há registos de várias (todas?) as gerações da família de mareantes Colom, com pais, irmãos, avós… Eram bem conhecidos e como se explica que lhe pusessem “A Galega” à que depois foi a Santa Maria? E como se explica que o senhor Colom fosse colocando nomes nas ilhas correspondentes às aldeias da sua comarca ponte-vedresa (depois de ter cumprido com os nomes dos reis que o apoiaram…)…

    Sinto-o, mas é o que há. E ainda não sabeis tudo!

    1. Caríssima Isabel, as “provas” portuguesas não me parecem minimamente válidas. As catalãs, de um senhor Porter, tampouco. As galegas, não as conhecia. Creio que os espanhóis também reivindicam a nacionalidade de Colombo… Como disse no comentário anterior, ~pessoalmente não faço questão de afirmar a portuguesidade de um falhado – temos que cheguem – apenas gostava que se apurasse a verdade – e se for português, resigno-me. Depois de termos tido um almirante Américo Tomás, mais Colombo, menos Colombo, pouco afectará a nossa reputação. Também tivemos grandes almirantes que sabiam onde estava e para onde iam as suas naus – Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral, Gago Coutinho. Portanto, se se provar que Colombo era galego, tende paciência – nenhuma pátria é perfeita e já tendes Franco e Rajoy para o provar. E Rosalía, Pondal e Carvalho Calero para vos compensar.

  6. ha ha, isso é o que querias, meu amigo Carlos Loures… Mas não vale. Vou ingressar aqui, nesta bela Viagem Argonauta, para vos lembrar o quanto galegos érais, vós, portugueses, e ainda continuais a ser. Colombo era galeguíssimo, igual que Salazar, aquele homem que nasceu em Vimieiro (lugar de vímios / vimes). Forte aperta.

    1. Claro que somos galegos e vós sois portugueses. Não sinto é orgulho em que um navegador que não sabia orientar-se seja português. E segundo tudo o indica não nasceu nem aqui nem na Galiza. Que faça bom proveito aos genoveses, pois parece que foi em Génova que viu a luz. Logo, às 21, acrescento alguns argumentos. Entretanto, se o Colombo te faz ingressar no nosso barco, já é motivo para lhe estarmos gratos. Pelo menos, nós sabemos para onde queremos ir. Se chegamos ou não onde queremos, já é uma outra história.

  7. Só em Novembro de 2020, alguns anos depois do meu artigo ter sido publicado é que li os comentários que a boa vontade de uns tantos quis fazer o favor de dedicar-lhe. Embora, como é óbvio, não esteja a contar com qualquer resposta não será por isso que não farei uma pergunta. Que razão terá tido o descobridor de nacionalidade tão discutida para que a primeira coisa que encontrou fosse designada por Cuba. Haveria no mundo outra terra com essa designação? Parece muito evidente que C. Colombo gostasse de homenagear a sua terra natal. O que é que fariam quantos querem atribuir-lhe outras nacionalidades? CLV

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