UMA DAS FORMAS DE AS CRIANÇAS SOFREREM COM A CRISE por clara Castilho

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Com a publicação do despacho nº31292, de 5 de Dezembro de 2008, foi aprovado o documento “Maus tratos em Crianças e Jovens – Intervenção da Saúde” considerando-o como ORIENTAÇÕES TÉCNICAS que vieram a criar o Projecto da Direcção Geral de Saúde “ACÇÃO DA SAÚDE PARA CRIANÇAS E JOVENS EM RISCO” , que veio reforçar a necessidade de dar continuidade e aprofundar o processo de organização e funcionamento dos Núcleos de crianças e jovens em risco em todos os Centros de Saúde e Hospitais.

Neste momento, a coordenadora deste núcleo do Hospital D. Estefânia veio chamar a atenção para e verificação de casos de crianças a serem apoiadas nos hospitais, de maus tratos graves, assim como de casos graves de negligência. Relaciona este facto o aumento das dificuldades das famílias, que não conseguem assegurar necessidades básicas como alimentação, vestuário e uma casa digna. A Sociedade Portuguesa de Pediatria juntou-se a este alerta, com a constatação de que casos tão graves não se assistiam na prática clínica “há 20 ou 30 anos”.

Acrescentam: “Estamos a andar para trás na história dos maus tratos. E voltámos a ver maus tratos hediondos”, disse à agência Lusa, atribuindo esta situação, em parte, ao desespero das famílias, Consideram que, quando se verifica uma situação de exclusão as famílias perdem as suas referência e veem-se “privadas de dar um colo aconchegante” aos filhos.

A Sociedade de Pediatria, pela voz da pediatra Deolinda Barata não tem dúvidas de que “os maus tratos vão aumentar e de uma maneira brutal, indigna e dolorosa” para as crianças.

Mas nem só de pancada física sofrem as crianças. A negligência é outra forma, tão grave, ou mais grave. “Não dar um vestuário, alimentação, casa e carinho pode não parecer tão penalizador como o mau trato físico”, afirmou, avisando, contudo, que se as feridas do corpo podem sarar, “as da alma” são mais inultrapassáveis.

São estas as razões para que a Sociedade de Pediatria alerte todos profissionais de saúde para estarem “muito mais atentos”, nomeadamente às justificações que as famílias apresentem perante eventuais casos de fraturas ou acidentes, que podem esconder maus tratos.

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Investigações realizadas com as novas metodologias mostram, através da análise de ressonâncias magnéticas, as consequências a nível cerebral das vivências de crianças que não vivem em situações ideias, que vivem em centros de acolhimento, ou são vítimas de maus tratos ou negligência, pobreza extrema ou outras adversidades.  Constata-se uma diminuição de massa cinzenta e branca no cérebro dessas crianças. O lado positivo é que os estudos também apontam para o facto de intervenções positivas poderem reverter essas alterações (podemos referir, por exemplo a investigação de Margaret Sheridan no Hospital Infantil de Boston que vem seguindo nesta linha desde as crianças encontradas em orfanatos na Roménia).

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