Selecção e tradução por Júlio Marques Mota
Berlim considera que a política cambial não é adequada para melhorar a competitividade
Texto disponibilizado por Philippe Murer, Membre du bureau du Forum Démocratique,
Presidente da associação Manifeste pour un Débat sur le libre échange
A chanceler alemã Angela Merkel e o seu porta-voz, em Julho de 2011
O governo alemão considera que a política cambial, tal como é reclamada em Paris, no início desta semana, pelo Presidente francês François Hollande, não é um instrumento adequado para melhorar a competitividade da área do euro, disse um porta-voz na quarta-feira.
“Do nosso ponto de vista, a política cambial não é um instrumento adequado para melhorar a competitividade. Dá só uma impulsão no curto prazo (…). Ela não permite alcançar o crescimento a longo prazo da competitividade “, disse Steffen Seibert, porta-voz da Chanceler Angela Merkel, em conferência de imprensa habitual .
No dia anterior, o chefe de Estado francês defendeu no Parlamento Europeu em Estrasburgo (a leste da França) a necessidade de uma “política cambial ” a fim de que a moeda única seja “menos vulnerável” às flutuações do mercado porque estas põem em perigo os esforços da competitividade dos países que a utilizam .
“O governo alemão está convencido de que, na comparação histórica (o euro), não está actualmente sobre-avaliado “, disse Seibert.
Embora reconhecendo que a moeda europeia foi muito apreciada nas últimas semanas, ele salientou que era um regresso ao equilíbrio depois duma desvalorização maciça que o euro tem sofrido devido à crise da zona euro.
O valor actual do euro também é motivo de optimismo, afirmou Seibert. Isto “mostra que a confiança na zona euro está de volta. No imediato, a confiança dos mercados financeiros internacionais não é uma coisa nada má “, continuou.
“A nossa convicção é a de que a taxa de câmbio deve reflectir os fundamentais económicos e que as taxas de câmbio flexíveis são os mais adequadas”, disse ele, salientando que durante o G20 e o G8 ” se esteve de acordo que é sensato que sejam os mercados a decidir o valor da taxa de câmbio “.
Em visita na terça-feira a Paris, o ministro alemão da economia, Philipp Rösler considerado preferível reforçar a competitividade da Europa, em vez de tentar enfraquecer a moeda, em resposta às declarações de François Hollande.
É do interesse da Alemanha que a França “continue a ser economicamente forte ou se torne mesmo ainda mais forte ” melhorando a sua competitividade, disse Rösler, expressando o seu “respeito” pelas reformas feitas nesse sentido pelo governo francês.
Sexta-feira passada, o euro atingiu mais de US $ 1,37, ou seja, um aumento de mais de 11% em seis meses, de acordo com os cálculos de vários analistas. Quarta-feira à tarde, ele tinha baixado e valia à volta de US $ 1,35.