Selecção, tradução e nota de leitura por Júlio Marques Mota
Has Spain’s Economic Contraction Now Become Self Perpetuating?
Ter-se-á a contracção da economia espanhola a partir de agora começado a auto-perpetuar-se ?
Edward Hugh, 17 de Fevereiro de 2013
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Parte II
(continuação)
A reforma das pensões é um claro exemplo disso. Com o ratio de dependência dos idosos em Espanha a subir rapidamente e o número de pessoas a pagar as contribuições para o fundo de pensões a descer mês a mês, é o sistema como um todo que está desequilibrado e Espanha precisa urgentemente de algumas profundas reformas estruturais. Segundo as estimativas fornecidas pelo Comissário Europeu para a Economia, Olli Rehn, na última reunião dos ministros das Finanças do Eurogrupo, as necessidades no sistema de pensões aumentaram mais de 1% no valor do défice orçamental em 2012. E sem grandes mudanças no sistema esse problema só irá piorar. Contudo, os dirigentes políticos da Espanha são aparentemente incapazes de enfrentar publicamente este problema.
Outro exemplo na economia espanhola é a necessidade urgente de recuperar adicionalmente a competitividade das exportações. Apesar de todas as afirmações que as recentes reformas do mercado de trabalho precisam de tempo para darem resultados é evidente que o que tem sido feito é mesmo muito pouco e é feito sempre muito tarde. As exportações melhoraram consideravelmente, e o saldo da conta corrente está-se a deslocar para uma situação de excedente. No entanto, apesar deste bom desempenho a economia ainda se contraiu em 0,7% nos últimos três meses do ano passado e isso durante um período em que o governo estava a ter um défice orçamental de pelo menos 7%.
A procura privada interna é fraca e está a enfraquecer ainda mais. As vendas a retalho, por exemplo, estão continuamente em queda. Como os salários caem enquanto os preços continuam a subir, seria então ilusão imaginar que essa dinâmica vai mudar, especialmente com os padrões de consumo a alterarem-se pelo mecanismo de envelhecimento da população.
A elevada taxa de desemprego (actualmente um pouco mais de 26% da população activa está desempregada) e o pesado endividamento doméstico só se adicionam às fraquezas internas, e é claro que isso continuará a ser assim para os próximos anos. Ninguém seriamente imagina vir a ter uma taxa de desemprego abaixo dos 20% até 2020, e a desalavancagem das famílias e das empresas ainda tem um longo caminho a percorrer.
Por outro lado, qualquer abrandamento no objectivo do défice que a Comissão dê a Espanha em 2013, as contas orçamentais eventualmente terão que estar em equilíbrio, para que então nós possamos esperar poder permanecer numa tendência de diminuição de gastos públicos. A conclusão que somos obrigados a estabelecer é a de que tudo o que temos a fazer são exportações se queremos ver as esperanças do ministro Guindos cumpridas e a economia a estar de retorno para o que é o crescimento sustentável.
Assim, para cortar com o calão e com a guerra das estatísticas e das contra-estatísticas pretendo aqui propor uma definição – um país que sofre de degradação demográfica (rápido envelhecimento da população) e de um excesso de dívida privada é a nível internacional suficientemente competitivo somente quando as suas exportações crescem rapidamente o suficiente para alimentar suficientemente o crescimento do PIB e de modo a gerar novos postos de trabalho e numa base sustentável de crescimento.
Isso não é manifestamente o caso da Espanha, e não o vai ser nos próximos anos, portanto muito mais precisa de ser feito. Muito mais.
O problema de se gerar ou não empregos é aqui extraordinariamente importante, uma vez que só a partir de se gerar novos postos de trabalho é que a economia espanhola poderia entrar numa dinâmica positiva, pondo fim a uma onda de empréstimos não-eficientes do sistema bancário, para se iniciar assim uma recuperação do mercado da habitação e dando algum tipo de estabilidade para a procura do consumidor.