GIRO DO HORIZONTE – RELVAS – por Pedro de Pezarat Correia

10550902_MvCyL[1]No meu GDH de 11 de Fevereiro passado, que intitulei “Trapalhadas de Carnaval”, concluí com um postscriptum em que fazia eco de uma perplexidade patente em grande parte da opinião pública mas que não merecia a atenção da generalidade da opinião publicada: “Será que ainda não expirou o prazo dado pelo Ministro da Educação para que a Universidade Lusófona resolvesse as irregularidades nas licenciaturas por equivalências, na sequência do inquérito que foi suscitado pelo escândalo Relvas?” O “Expresso” do passado dia 29, cerca de mês e meio depois, dá algum relevo a este caso que mereceu citações nos noticiários televisivos, com destaque para a RTP 1.

Podemos estar nos preliminares de novo escândalo envolvendo essa figura intrigante, que parece mover-se num pântano mafioso, maquiavélico e oportunista, que conspurca tudo em que se mete e vicia todos com quem se envolve. Em 13 de Julho do ano passado Nuno Crato, Ministro da Educação e Ciência (MEC), incumbiu a Inspecção-Geral da Educação e Ciência (IGEC) de averiguar a forma como se processara a suspeita licenciatura do ministro Relvas e de outras, mas fora Relvas e o rumor público que provocara que, obviamente, despoletara o despacho do ministro. E pediu urgência. A IGEC concluiu a inspecção, elaborou o relatório que entregou ao MEC e este remeteu-o para a Universidade Lusófona (UL), para que reparasse as irregularidades. E de novo com urgência. Soubemos pela voz do professor Alberto Amaral, presidente da Agência de Investigação do Ensino Superior, que efectuara a inspecção, que havia muitos contornos obscuros em todos estes processos e, particularmente em relação a Relvas, que não conhecia nenhum caso em que se tivessem atribuído tantos créditos. A UL entregou o seu relatório ao MEC que envolve a reanálise de todas as licenciaturas com recurso a créditos. E é importante para a UL, onde trabalha, ensina e aprende gente digna e competente, que esta nódoa seja removida. Relvas não pode ficar como a imagem da universidade. Já lá vão dois meses e, pelos vistos, a urgência do ministro Crato era só para os outros.

Tudo isto é, mais uma vez, estranho. Se as propostas da UL fossem favoráveis a Relvas, ninguém tem dúvidas que já seriam do domínio público, com conferências de imprensa e entrevistas em horários nobres nas televisões. Será que se está a cozinhar algo que mais uma vez permita a Relvas passar por entre a chuva sem se molhar, como aconteceu com o lamentável caso do jornal “Público” e do tortuoso inquérito da ERC e de Carlos Magno? Ou será que se aguarda a remodelação governamental e a saída de Relvas, para que Passos Coelho não saia chamuscado desta fogueira?

Relvas acumula escândalos. Tudo o que de pior envolve a equipa de Passos Coelho em termos éticos, passa por ele. As pressões sobre a imprensa, privatizações equívocas, as intimidades com a sinistra seita do BPN, cumplicidades maçónicas, oportunismos de carreira e curriculares, relações suspeitas com serviços secretos (o caso Silva Carvalho, a que não é alheio e que pura e simplesmente vai trabalhar para a sua órbita na presidência do Conselho de Ministros também saltou para a imprensa neste fim-de-semana). A presença de Relvas num órgão de soberania de um país é uma indignidade, é um insulto. Mas os seus tentáculos devem ser comprometedores. A forma como mantém comprometido o seu chefe e, pelos vistos agora, outros pares, permite pensar que têm medo dele, do que ele sabe, do que ele não hesitará em revelar.

No anterior GDH recordei a figura de Álvaro Cunhal porque foi um homem de carácter, respeitado em todas as áreas políticas, por correligionários ou adversários. Relvas é, exactamente a antítese, é o indivíduo sem carácter, sem palavra, sem ética, que não merece respeito de opositores e é um incómodo para parceiros. Mas, ética e politicamente, os que o suportam também já estão irremediavelmente manchados.

1 de Abril de 2013

1 Comment

  1. Toda a resposta favorável sobre a possível licenciatura desse homem, é cozinhada.
    Como diz e muito bem, já teríamos notícias à muito se ela fosse verdadeira.
    Demora tempo corromper pessoas… as que se deixam corromper.

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