O PERIGO DE NÃO USAR O CINTO DE SEGURANÇA por clara castilho

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Há trinta e tal anos participei num estudo de mercado que questionava automobilistas quanto ao perigo de levar as crianças no banco da frente do carro. Começava-se, então, a informar as pessoas de que poderia ser perigoso. E lembro-me de que quase ninguém estava alertado para o facto. E  também era hábito ver muitos pais transportarem filhos bem pequenos em velocípedes e sem capacete!  De facto, muito mudou desde então.

No entanto, um estudo do Automóvel Club sobre a utilização de cintos nos carros concluiu que três em cada dez automobilistas reconhecem já ter transportado, alguma vez, crianças sem um sistema de retenção e consideram que a segurança no transporte infantil está a ser descuidada devido à crise, revela o inquérito hoje divulgado. Dizem ter sido o primeiro inquérito nacional sobre segurança infantil dentro do automóvel, realizado pelo Automóvel Clube de Portugal (ACP), em colaboração com a Prevenção Rodoviária Portuguesa e a Cybex. Questionou um total de 1.856 automobilistas que transportaram, no último ano, crianças até aos 12 anos, com uma altura até 1,50 metros. No site do ACP podemos tirar estas informações, com algumas indicações relativas ao uso das cadeiras: “As cadeiras têm um prazo de validade e, muitas vezes, há tendência das famílias que já não usam as cadeiras de as passarem para outros familiares que têm miúdos mais novos” e “muitas vezes essas cadeiras já não estão aptas para cumprir essa função.

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O ACP indica que mais de 16 mil crianças foram vítimas de acidentes rodoviários entre 2007 e 2011, das quais 88 morreram.

A APSI – Associação para a Promoção da Segurança Infantil ( instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS), que tem como objectivo promover a união e o desenvolvimento de esforços sociais, políticos e empresariais para a redução do número e da gravidade dos acidentes de crianças e jovens) também tem abordado esta questão, levando a cabo muitas acções de formação. Em 2012 diziam que todos os dias, 12 crianças sofrem um acidente de viação em Portugal. Indicavam que entre 1998 e 2011, tinham morrido 1.020 crianças e quase 84.500 ficado feridas. Também realizaram um estudo, cujos dados não consegui obter.

A APSI tem levado a cabo acções no âmbito do seu “Projeto Segurança da Criança no Automóvel” com consultas de segurança infantil em centros de saúde, com o apoio do Ministério da Administração Interna no âmbito do Concurso “Prevenção e Segurança Rodoviárias”.

Nessas consultas, as famílias podem esclarecer dúvidas e aprender a escolher a “cadeirinha” mais adequada à idade e peso de cada filho. As famílias poderão também fazer a verificação dos sistemas de retenção nos veículos, para corrigir eventuais erros na instalação e/ou na utilização, bem como na reinstalação, caso necessário.
O Projeto contempla 6 ações em unidades de saúde por cada ARS, perfazendo um total de 30 ações.

A questão do uso dos cintos é uma das que os pais mais colocam como sendo uma das dificuldades que têm, no que diz respeito ao cumprimento das regras com os filhos. A melhor forma de tratar o assunto com eles é através de “role-playing”, onde percebemos as fragilidades de cada um. Pelo que nos contam, esta actividade serve para alguma coisa…A partir do momento em que os filhos sentem mais firmeza, não há como obedecer! Mas, primeiro, precisam de reconhecer que é preciso usá-lo, claro. O que não acontece com todos.

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