Pentacórdio para Sexta-feira, 12 de Abril

por Rui Oliveira

 

 

   Desta vez demos relevo, relegando a ópera para segundo plano (embora já tenhamos noticiado a prevista trilogia de Verdi), ao regresso à Culturgestseu palco querido”, da cantora portoalegrense Adriana Calcanhoto para dois espectáculos com a sua voz e violão no palco do Grande Auditório, às 21h30 desta Sexta-feira, 12 de Abril e do Domingo, 14 de Abril.ADRIANA-CALCANHOTO-LISBOA1

   O recital chama-se “Olhos de Onda”, presumivelmente o nome do seu próximo CD, depois de a cantora (que adoptara em 2003 o hererónimo Adriana Partimpim) ter editado em 2008 o CD “Maré” (considerado pela crítica como um dos melhores álbuns do ano), em 2009 ter lançado o disco “Adriana Partimpim Dois é Show!!”, em 2011 o disco “O micróbio do Samba” e em 2012 o DVD/CD “Micróbio vivo” e também o disco “Adriana Partimpim Tlês”.

   A génese da sua carreira e a sua ligação a Portugal estão bem descritas  num texto que comoveu o programador e consta integral do site da Culturgest (http://www.culturgest.pt/arquivo/2013/docs/AdrianaCalcanhotto_FSlite.pdf ), do qual retirámos estas linhas relativas a este espectáculo : «… Não tinha um concerto preparado, não tocava há muito, não saberia se conseguiria e até aqui, sinceramente, não sei, mas por isso mesmo.microbio_cd Andava doida para retomar a guitarra, portanto para inventar um roteiro pensado para Portugal, para pegar a estrada, pela janela do quarto, pela janela do carro, trancafiada em quartos de hotel enquanto Portugal está lá fora, tocando compulsivamente para que o concerto seja lindo e inesquecível como só em Portugal pode ser, enfim, o novo convite da Culturgest era tudo o que mais eu podia querer no momento em que ele chegou…

Olhos de onda, por exemplo, que batiza o alinhamento, qualquer que ele seja, fiz enquanto ensaiava. Além de inaugurar nova safra, o que sempre é motivo de alegria, a canção ajudou a dar o norte do recital. Constatei quando essa canção nasceu que as outras já estavam também falando do que ela fala e da língua portuguesa e do mar da língua e por aí vai.

 microbio do samba  De tudo um pouquinho, como a receita da felicidade, deixando sempre aberto o espaço para poetas que me apareçam e para novas canções que podem sempre me arrebatar mais perto da hora ou que podem ser escritas no camarim, sacrificando para isso certezas absolutas no repertório, tudo é possível, graças aos deuses. Aqui estamos, eu, a guitarra e algumas canções que adoro, nos reencontrando, como se fosse a primeira vez, nos encontrando pela primeira vez quando é o caso, desejando viver mais uma noite “daquelas”, no palco querido da Culturgest …».

   Este vídeo do show “Olhos de onda” para o Teatro Bradesco de São Paulo em Maio próximo prepara a volta por Portugal que Adriana Calcanhoto irá fazer :

 

   Deixamos-lhe também o essencial do seu álbum anterior “O Micróbio do Samba” nestes vídeos sucessivos (é só deixar cantar…) :

 

 

 

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verdi

   Como segundo evento a destacar, voltamos ao Teatro Nacional de São Carlos onde o 2º espectáculo da “Trilogia de Verdi” será apresentado às 20h desta Sexta-feira, 12 de Abril. Será a ópera “La Traviata”, escrita por Giuseppe Verdi em 1853 com libretto baseado no romance de Alexandre Dumas (filho) “A Dama das Camélias”.daniela schillaci

   A Orquestra do TNSC continuará com a direcção musical de Martin André, sendo a encenação, cenografia e figurinos da responsabilidade de Francesco Esposito e o desenho de luz de Fabio Rossi.

Andrés Veramendi - Copy   A trama conhecida que leva à morte em palco da cortesã Violetta Valéry, consumida pela tuberculose mas igualmente corroída pelos seus amores mal sucedidos com Alfredo Germont, terá como intérpretes a cantora italiana Daniela Schillaci soprano (como Violetta Valery) (foto), o peruano Andrés Veramendi tenor (como Alfredo Germont)(foto sup.), o espanhol Damián del Castillo barítono (como Giorgio Germont)(foto inf.), Joana Seara soprano (como Flora Bervoix), Marco Alves dos Santos tenor (como Gastone, Visconde de Létorière), Leila Moreso soprano (como Annina), Luís Rodrigues baixo (como Il dottor Grenvil), Mário Redondo barítono (como Il barone Douphol), João Merino baixo (como Il marchese d’Obigny), Damián del CastilloNuno Cardoso tenor (como Guiseppe), Daniel Paixão baixo (como Un domestico) e Costa Campos baixo (como Un commissionario).

   São deficientes os registos de Daniela Schillaci como Violetta. Este é aceitável como som e corresponde à cena final de La Traviata no dueto Alfredo-Violeta . Podem entretanto ouvir-se outras cenas, começando pelo Prelúdio e 1ª Cena aqui : http://youtu.be/uOnc6LKg5rQ .

   Para cotejo veja-se outro dueto famoso de Anna Netrebko com Evgeni Akimov no Teatro Mariinski em São Petersbeurgo em 2003.

 

 

   Aqui se mostram três intervenções de Andrés Veramendi como Alfredo Germont em cenas diferentes de “La Traviata”, representada no Teatro Municipal de Santiago de Chile com Martina Zadro como Violetta Valery e Omar Carrion como Giorgio Germont :

 

 

 

 

sun araw Abril-12   Como música alternativa, na Galeria Zé dos Bois (ZBD), às 22h, apresentam-se nesta Sexta-feira, 12 de Abril três sugestões, em particular Sun Araw, nome que há cinco anos tomou o músico americano Cameron Stallones (foto), anterior membro do grupo “Magic Lantern”, período que (segundo a ZDB) «representou o desenvolvimento de uma sonoridade multifacetada, sempre aberta a novas indagações e nunca idêntica a experiências suas passadas … no viveiro mestiço que é a música de Sun Araw, a sua dimensão espiritual remonta às explorações jazzísticas de Don Cherry e Edward Larry Gordon, complementados pelos ensinamentos do dub e do rock psicadélico inscrito na década de 70 … Depois existe toda a plasticidade pop que Stallones domina, isto é, o modo como acança formas, imprime cores e crava texturas. Uma moldagem apenas equiparável ao savoir faire de contemporâneos como Black Dice ou Excepter…».

   As outras duas presenças no palco serão : por um lado, Matthewdavid, jovem produtor norte-americano que tem (diz a ZDB) « uma visão holística do diálogo electro-acústico não distante daquela cultivada pelos Lucky Dragons, que sabe igualmente tomar corpo ora no hip hop mais atmosférico, ora na pop de perfil retro-futurista» ; por outro, Diva Dompé, que vem (segundo a ZDB) «da noise-pop dos primeiros tempos até ao maravilhoso vórtex electro de agora, … Pairando num tempo dúbio e recorrendo aos triunfos da baixa fidelidade, o (seu) mais recente ‘Moon Moods’ respira dessa névoa enigmática, adensada pelos mantras dos sintetizadores».

   Este “Out of Town”  de Sun Araw faz antever o som da sessão a que o leitor pode ir assistir :

 

 

 

   Por último, no campo das conferências/debate, há na Culturgest, no seu Pequeno Auditório, às 18h30, a segunda palestra do ciclo de conferências “Ciência das Imagens.  Imagens da Ciência” comemorativo do 40.º aniversário do Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual.38-conf-arco

rui costa   No texto introdutório que divulgámos em Março afirmava-se : «Na sua tentativa de definir e distinguir o trabalho criativo da arte, da ciência e da filosofia, Gilles Deleuze e Félix Guattari sugerem que estas disciplinas procedem a uma luta comum. Lutariam não apenas contra a opinião mas contra o cortejo das opiniões propriamente artísticas, científicas ou filosóficas, contra a Urdoxa de cada uma das disciplinas. Que o discurso científico, no caso específico que aqui se destaca, possa interessar uma escola de arte não tem, verdadeiramente, nada de estranho. Trata-se de satisfazer a sede de todos aqueles que procuram, para além do que é corrente, o que é vital. Que objectos mentais nos surgem como poderosos ou belos se não forem ‘determináveis como seres reais’, se não constituírem imagens ‘recortadas no caos’…»

   A conferência (seguida de debate) “Cérebro, Ação e Perceção – Criação de repertórios individuais” será proferida por Rui Costa (do Centro Champalimaud para o Desconhecido, Fundação Champalimaud) e a entrada é gratuita (mediante levantamento de senha de acesso 30 minutos antes do início da sessão, no limite dos lugares disponíveis).

 

 

 

 

(para as razões desta nova forma de Agenda ler aqui ; consultar a agenda de Quarta aqui)

 

 

 

 

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