Passam 39 anos sobre o dia em que Portugal abalou o mundo.
Um grupo de homens fardados decidira passar à ação e pôr ponto final na prepotência dominante. Os portugueses acordavam da longa noite que ensombrava a sua vida e prontamente colocam-se do lado da revolta que chega ao Terreiro do Paço pela mão de um modesto capitão que vinha de Santarém.
O dia raiava com um brilho que reluzia nos olhos dos que nem queriam acreditar no que viam.
Homens e mulheres, novos e velhos e até pobres e ricos sentiam que iam ter um País novo. Portugal era restituído aos Portugueses e passar a ser respeitado pelas outras nações que nos olhavam de esguelha.
O tempo foi correndo. Passaram os anos.
Hoje, passadas quase quatro décadas, que podemos comemorar dessa data única?
As coisas não estão bem e grassa o descontentamento. É verdade! Eu sei… A começar pelos “libertadores” de 74, é unânime o desânimo e é com tristeza que assistem ao descaminho que salta aos olhos.
Afinal, não foi para isto que fizeram a revolta que culminou em Revolução, dizem muitos e com razão.
De que valeu a coragem daqueles que fizeram a Revolução do 25 de Abril de 1974 se o País está como está?
Nesta pequena Carta Aberta aos militares de Abril concedamos a estes Homens a única disposição que merecem do Povo português. Por muito mal que se esteja a viver neste País secular, Portugal não é o terror, a opressão e até a miséria do regime que derrubaram em 74. Em algumas coisas podemos até estar pior, mas chorar pelo regresso ao antigamente só é lógico por quem não o viveu ou quer ter a memória curta.
Mesmo com tudo o que de mau existe e está a existir, a ação que desenvolveram naquela data inesquecível valeu a pena e é com clareza que podem dizer sem rodeios: que voltavam a fazer o mesmo se a História fosse suscetível de repetição.
Lisboa, 23 de abril de 2013
José Brandão