EDITORIAL – BRASIL – ALQUIMIA PERVERSA

Imagem2No Brasil, o número de leitores e de leituras do nosso blogue, tem vindo a crescer de forma exponencial – não sabemos se se trata maioritariamente de imigrantes portugueses, mas os ecos que nos chegam são quase sempre de brasileiros. Face a este crescimento, encaramos a possibilidade de, em futuro próximo, termos uma “secção brasileira”. Nessa rubrica não teremos a preocupação de agradar aos brasileiros em geral, tal como nunca nos preocupou ir ao encontro do que pensa a maioria dos portugueses – a maioria dos portugueses vota PSD e vota Cavaco Silva – dos símbolos de uma total perversão do conceito de Democracia – o PSD por ser o herdeiro do partido único da ditadura; Cavaco Silva por ser a negação viva de tudo o que a Democracia representa. O facto de, por exemplo,  os brasileiros, na sua maioria, aprovarem a realização de um Campeonato Mundial de Futebol onde, sem retorno garantido ou sequer previsível, se gastam recursos económicos que deviam satisfazer outras prioridades, não nos leva a concordar com tal desperdício – vimos, em versão reduzida, esse filme aqui em Portugal com o Euro 2004: a mesma argumentação – o evento, além de trazer prestígio ao País, iria potenciar o desenvolvimento da Economia… e potenciou, sim, mas as contas bancárias de alguns membros do governo e de seus amigos – com os desvios orçamentais das obras em curso a traansformarem os concursos em farsas… Mas falemos do Brasil.

Lula da Silva e Dilma Rousseff parecem pertencer àquela estirpe de socialistas a que Mário Soares e seus epígonos pertencem – na fase heróica defendem princípios que, quando atingem o poder, esquecem. Em nome de um pragmatismo que é, em si mesmo, a negação do socialismo e que os conduz  à tentação de serem mais neoliberais do que ninguém, inclusive na tolerância da corrupção, daquilo em que dialecto neoliberalês se chama empreendedorismo. O discurso de Dilma soa falso – quando fala do «povo brasileiro» não se sabe se fala dos ladrões ou dos roubados.

Querer conciliar os interesses de uns e os de outros é como tentar a quadratura do círculo ou transformar chumbo em ouro.

O ouro das minorias, nessa alquimia charlatã, transforma-se sempre no sangue, suor e lágrimas das multidões.

1 Comment

  1. Excelente e pertinente a análise do editorial
    Um grande contingente brasileiro agradece; o que agora se encontra nas ruas.

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