APONTAMENTO SOBRE EDMUNDO DE BETTENCOURT – por Carlos Loures

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Edmundo de Bettencourt foi um dos fundadores da revista Presença. Excelente poeta, porImagem1 muitos considerado precursor do surrealismo com os seus Poemas Surdos escritos em 1934, é conhecido, principalmente, como um dos mais importantes cantores da chamada «geração de ouro» do fado coimbrão.

Conheci Edmundo de Bettencourt numa tertúlia, uma das muitas que existiam em Lisboa. No início da década de 60, reunia esta nos fins de tarde no café Restauração da Rua 1º de Dezembro, no centro de Lisboa. Paravam por ali, além do poeta e cantor madeirense, o Alfredo Margarido (1928-2010), que viria a ser professor da Sorbonne, o Manuel de Castro (1934-1971), um grande poeta quase desconhecido, às vezes, outro madeirense célebre, o Herberto Hélder. Mais raramente o Renato Ribeiro, com a sua mulher a Fernanda Barreira. Ocasionalmente, algum «imigrante» vindo do Gelo – era só atravessar a rua e andar meia dúzia de metros. Para a revista Pirâmide, cujo  terceiro número eu organizava por aquela época, deu seis poemas inéditos e  um retrato seu desenhado por Mário de Oliveira. Alfredo Margarido escreveu uma «nota sobre os Poemas Surdos».

Edmundo de Bettencourt, para além de notável poeta e ímpar cantor do fado de Coimbra, era uma pessoa afável, muito cordial, com memórias muito interessantes do seu tempo de estudante – foi ele que me chamou a atenção para os “históricos” do fado coimbrão – o Augusto Hilário e o António Menano, do mago da guitarra , o Artur Paredes. Falou-me do Luís Goes e de um nome que, na altura, nada me disse – José Afonso – que, na sua opinião, viiria a ser o cantor.

Dada a sua modéstia, “esqueceu-se” de referir um histórico incontornável que se chamava Edmundo de Bettencourt.

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