EDITORIAL – SE TODOS OS POLÍTICOS MORRESSEM EM 1 DE AGOSTO

Imagem2João César das Neves, em artigo esta semana publicado no Diário de Notícias (A cortina e o espelho), fez um exercício tipo Ensaio sobre a cegueira e criou uma situação ficcional em que todos os políticos portugueses morrem misteriosamente na manhã de 1 de Agosto de 2013, realizando  o sonho de muitos portugueses: subitamente, sem se conhecer a causa, morrem  todos os políticos, é extinta a troika e até Angela Merkel se demite. E acrescenta que  “nesta hecatombe morreram igualmente muitos analistas políticos e até directores de informação”, mas o Presidente Cavaco Silva e o comentador Marcelo Rebelo de Sousa sobreviveram, tendo ficado, contudo, “sem explicações ou conjecturas”.

César das Neves, professor universitário, economista e jornalista, põe um acento irónico na conclusão – “De repente a crise acabou”, pois “todos sabem que a classe política, além de ser uma vergonha, é a culpada da situação”. E depois, no meio da cegueira, irrompe, iluminada, a clarividência – «a crise foi finalmente olhada na sua verdadeira natureza. Levantada a cortina de fumo mediático, foi possível ver o que realmente interessa, e que discussões, falácias, mentiras e confusões do debate político ocultam. Aberto o pano de cena que cobria o drama nacional surgiu… um enorme espelho: a verdadeira crise somos nós. Ficou então evidente aquilo que com tanto esforço se ocultou durante tanto tempo: afinal o problema produtivo é culpa nossa; o dinheiro esbanjado dos políticos foi gasto connosco; a dívida é de todos. A política é ilusão, o povo é realidade».

Antes de mais não é verdade que uma grande parte dos portugueses deseje a morte dos políticos. O que muitos portugueses desejariam é que morresse a actual concepção de política, feita de clientelismo, de corrupção e baseada na mentira das promessas eleitorais induzidas por jornalistas que desrespeitam o código deontológico da profissão.

 «A política é ilusão, o povo é realidade» é um axioma a que se pode aderir. É inimaginável uma ficção em que o povo morresse e as ratazanas da política sobrevivessem. A ilusão alimenta-se da realidade, mas a realidade dificilmente sobrevive alimentada pela ilusão.

Até porque há as dívidas que a ilusão cria e a realidade tem de pagar.

1 Comment

  1. São muitos são. Só que não o dizem em publico por causa de juizos de valor idiotas. Quem me destruiu a vida, quem me destruiu o futuro, merece morrer. Lixem-se as religiões e outros moralismos ridiculos. Desejo a morte aos politicos culpados da minha dor brutal. MORTE dolorosa. Desejo-lhes ardentemente o pior.

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