Já aqui falei da exposição que se encontra no Centro Cultural de Cascais Os Caprichos | Os Desastres da Guerra | Provérbios ou Disparates com gravuras do mestre espanhol, Francisco Goya. Detive-me sobretudo sobre os “Provérbios ou Disparates”.
No mesmo dia, por ser ali mesmo ao ladinho, vi a nova exposição da Casa das Histórias Paula Rego, com obras da série As Óperas, realizadas pela artista durante o ano de 1983, num conjunto de catorze obras.
Posteriormente, não pude deixar de pensar no que havia em comum em parte das gravuras de Goya – Os Caprichos– e as figuras de As Óperas.
Ambas nos trazem figuras do imaginário de formas disformes, quase desumanas, junção de partes de animais. Figuras que habitualmente povoam os sonhos, em tom ameaçador e fazem sentir alívio quando se acorda. Figuras com que se costuma meter medo às crianças que se portam mal. Figuras que queremos longe de nós, porque a felicidade será um mundo onde elas não existam.
No catálogo da de Goya, um texto de autoria de Marisa Oropesa, Comissária da exposição, afirma:“ Personaliza a arte como nunca antes se tinha visto, transpõe o conceito artístico para deixar entrever o pessimismo e as suas convicções através de uma obra que é uma clara expressão de condenação e repulsa o artista exprime a sua opinião em plena liberdade. E essa liberdade é a herança mais importante que Goya lega à arte moderna.”
Catarina Alfaro, curadora da exposição de Paula Rego escreve na apresentação:
“Este universo ambíguo e complexo de interacção entre humanos, animais, vegetais e híbridos, começa a ser construído pela artista nos inícios dos anos oitenta. São criaturas com qualidades e comportamentos humanos, atiradas pela artista para situações peculiares, dramas vívidos que invadem ruidosamente a sua pintura, encarnando todo um inventário de temas e personagens presumivelmente identificáveis. […] Com as Óperas ficaram estabelecidos novos princípios actuantes introduzidos na linguagem visual de Paula Rego, que multiplicam as personagens e repetem elementos formais, explorados numa unidade temática e estilo inconfundível.”
A exposição de Goya poderá ser vista até dia 8 de Setembro e a de Paula Rego até 29 de Setembro.
Quiçá, isto são palermices de fim de semana…vão até lá ver e digam.