CECÍLIA MEIRELES E MARIA-CECÍLIA CORREIA – por Clara Castilho*

*Psicóloga. Lisboa

Imagem1Cecília Meireles mantinha uma relação especial com os Açores, devido à influência de sua avó materna. Sobressai a sua correspondência com o poeta Armando Cortes Rodrigues (1891 – 1971). É este homem que vai fazer a ponte com uma outra Cecília, portuguesa. Armando Cortes-Rodrigues era muito amigo do pintor Domingos Rebelo (1891- 1975), seu conterrâneo, que foi casado com Maria Josefina Correia. Correspondia-se com esta e com sua irmã Maria Cecília Correia. Daí resultou um convívio com os respectivos filhos, no caso em apreço com a filha desta, que veio a publicar livros como Maria Cecília Correia (1919-1993). Incentivou-a a escrever, criticava-lhe as poesias e textos, e foi o grande impulsionador da publicação da sua primeira obra – Histórias da minha rua, em 1953, livro de histórias infantis, com que veio a receber o Prémio Maria Amália Vaz de Carvalho.

Assim, foi Armando Cortes-Rodrigues que pôs estas duas “Cecílias” em contacto, contacto  que se iniciou via epistolar (desde 1948 até 1963, um ano antes do falecimento da Cecília brasileira), tendo só mais tarde havido encontros pessoais.Imagem2

A leitura destas cartas vindas do Brasil dá-nos uma visão da personalidade desta mulher, podemos sentir a sua alma, perceber as suas reacções às perseguições de que foi alvo no Brasil, os seus sentimentos nas viagens que fez a Portugal, as suas opiniões sobre o papel da mulher na família e na sociedade. Podemos ver a relação entre as duas “Cecílias”, a originalidade das suas personagens enquanto mulheres que quiseram intervir na sociedade, quiseram manter as suas opiniões, não se submetendo a certos preconceitos quanto ao que se entendia ser o papel feminino.

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Em cima à esquerda, Cecília Meireles; à direita, Maria-Cecília Correia.

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