SIMPLESMENTE MARIA, grande êxito dos folhetins radiofónicos

 A propósito da próxima edição de um folhetim da autoria de Sérgio Madeira – A ESTUPIDEZ É UM CÃO FIEL, continuamos a  lembrar a história do folhetim e dos seus sucedâneos. Hoje falamos da radionovela.

A rádio, a partir de meados do século XX, quando as cadeias de televisão começaram a generalizar-se, perdeu o seu estatuto de meio de comunicação privilegiado – os «dias da rádio» tinham terminado» e as estações radiofónicas lançaram mão de diversos argumentos que lhes permitissem lutar com o novo meio de comunicação. Tornou-se lugar-comum a afirmação de que a televisão não punha em perigo as audiências radiofónicas, o que era sinal evidente de que algum perigo existia. A rádio agilizou a sua linguagem e, na verdade, em todo o mundo e dir-se-ia que a competição com a «caixa que mudou o mundo» lhe foi favorável, pois os grandes radialistas surgiram a partir dessa época. A Rácio ganhou, de facto, um lugar indiscutível como veículo comunicacional.

No segmento mais popular da renovação radiofónica surgiram as radionovelas. A televisão só emitia séries e a rádio ganhou vantagem. Estávamos no anos 60 e só na década seguinte os folhetinistas radiofónicos migrariam para a produção dos canais de TV.

Há um livro do Mario Vargas Llosa, «A Tia Júlia e o Escrevedor», que deu lugar a um magnífico filme americano, realizado por Jon Amiel e interpretado pelo Peter Falk, o velho Columbo, pelo Keanu Reeves e pela Barbara Hershey – Tune in Tomorrow (1990). O livro é delicioso e o filme uma pérola. Falk representa o papel de «criador» de folhetins radiofónicos que não perde uma oportunidade para dar alfinetadas nos albaneses (no livro, passado no Peru, o alvo são os argentinos). O folhetinista, na ânsia de cativar os ouvintes, no fim de cada capítulo, ao anunciar o seguinte, cria situações mirabolantes que, no dia seguinte, terá de explicar. O que o obriga a prodígios de imaginação.

As radionovelas tiveram grande sucesso em Portugal, mas Simplesmente, Maria”, vinda da América Latina, emitida em princípios dos anos 70, deve ter batido todos os recordes de popularidade. Ouçamos a canção que servia de fundo ao genérico, uma versão musicada por José Calvário, com letra de José Carlos Ary dos Santos e a voz de Tonicha.

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