PASSAROLA – por Fernando Correia da Silva

Um Café na Internet

Ó Bartolomeu de Gusmão:

Estás outra vez em Lisboa. Reparas que uma bola de sabão, ao passar sobre a chama de uma vela, é impelida para o alto. Ou seja: o ar quente tem poderosa força de ascensão. É quanto basta para quereres construir um aparelho de andar pelo ar. Levas o plano a El-rei D. João V. Ele apoia-te e tu constróis o primeiro balão de papel pardo montado sobre uma tigela onde arde fogo. Nada acontece, o balão não se move, acaba por incendiar-se. Mas o segundo balão, esse sim! Sobe até ao teto da Casa da Índia, onde está a ser feita a experiência. Espantados ficam El-rei, a Rainha, toda a Corte, também o núncio apostólico em Lisboa, futuro papa Inocêncio XIII.

Ó Bartolomeu:

Esse primeiro sucesso empurra-te para a aventura decisiva. Em 1716 armas um imenso balão de seda impermeável e um recipiente com fogo. Por baixo, uma barcarola para ser tripulada. O gigantesco balão a que dás o nome de Passarola é lançado da parte alta para a parte baixa de Lisboa; melhor dizendo: do Castelo de São Jorge para o Terreiro do Paço. Um sucesso! Um aeróstato 74 anos antes daquele que os irmãos Montgolfier irão inventar em França.

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