Capítulo trinta
Os factos nunca foram devidamente esclarecidos.
O violentíssimo ataque desencadeado contra uma aldeia vizinha do aquartelamento de uma companhia de caçadores especiais, na região de Tete, foi reivindicado pela FRELIMO e pelo COREMO (Comité Revolucionário de Moçambique), mas apenas referia a ofensiva militar, não referindo a destruição de alvos civis. Um relatório de um oficial português designando os atacantes por «forças terroristas» é pouco esclarecedor – escamoteia o revés militar das forças portuguesas e descreve com grande cópia de pormenores o massacre da população civil.
As versões das organizações de guerrilha são também contraditórias entre si. O COREMO afirma ter feito mais de 20 prisioneiros., além das numerosas baixas provocadas. A FRELIMO descreve a destruição de infraestruturas militares e as numerosas baixas dos portugueses. O coronel português afirma que este massacre em nada ficou atrás do de Xuvalu – a população da aldeia era considerada traidora pelas boas relações que mantinha com a tropa portuguesa. Segundo o coronel, “a selvajaria foi total” – mulheres, velhos, crianças… ninguém foi poupado..
A Companhia de Caçadores Especiais era comandada pelo capitão Guilherme Lopes. O capitão terá sido aprisionado – único ponto comum nos três relatórios.