Falemos da política económica actual, falemos então de putas.
(CONTINUAÇÃO)
Parte V
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A maioria dos países da zona do euro tem conseguido, relativamente a outros países, muito menor nível de “desalavancagem” no seu sector privado por três razões. Primeiro, a austeridade orçamental imposta às economias periféricas da Europa aprofundou as suas recessões, o que tornou mais difícil reduzir as dívidas privadas. Segundo, os bancos mais fracos têm sido relutantes em reconhecer e, portanto, em prever, os seus níveis de empréstimos de cobrança difícil. E em terceiro lugar a lei das falências é muito menos condescendente na Europeu para com os devedores falidos do noutros países o que tende então a ser menos favorável para a reestruturação da dívida
Se a recuperação da zona euro se fortalecer, este fardo de dívida privada deverá ser atenuado. De acordo com o FMI, a dívida privada é um travão bem maior no crescimento da Europa do que a dívida pública. Um pré-requisito, que até mesmo a chanceler alemã , Angela Merkel, está a começar a aceitar, é a necessidade de uma austeridade bem menos draconiana. É praticamente impossível para o sector privado reduzir a sua dívida, quando os governos tentam reduzir os seus empréstimos também. Uma outra necessidade é a de que os bancos reconheçam e fama uma remissão parcial do valor dos seus empréstimos de cobrança duvidosa. E é aqui que o papel do BCE pode e deve ser fundamental.
A partir daqui podemos agora ver a Europa dividida em reservas de caça com diferentes riscos supostos pelos mercados, sabendo que quanto mais elevado é o o risco suposto, mais baixa a notação dos países e mais elevado é o preço a pagar pelos contribuintes do respectivo país.
As zonas marcam os supostos níveis de risco que as agências de rating estipulam para as suas reservas de caça. Mas curiosamente é de perguntar o que leva um a Inglaterra falida a ter uma notação igual à da Alemanha e superior à da França? O que leva a Espanha a ter uma notação melhor do que Portugal? O que leva a Irlanda a ser considerada equivalente à Itália. E já agora como se estipulam estas notações. Eu dou uma resposta. Fora das agências de notação ninguém sabe!
A comparação com a França até pode ser bem mais curiosa, e comparamos um tripo A com AA da França. Vejamos um leque enorme de dados que nos mostram que a “saúde” da França vai bem melhor que a da Inglaterra, para além das notações das agências de rating:
Também por estes lados está tudo dito quanto às notações de Triplo A para a Inglaterra e de AA para a França.
(continua)
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Para ler a parte IV deste trabalho de Júlio Marques Mota, publicada ontem em A Viagem dos Argonautas, vá a:
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