NÃO HÁ POETA – poema de Adão Cruz

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Não há poeta para a réstia de sol de um rosto engelhado de luz

Não há poeta para o poema da eternidade num só momento

Não há poeta para a singeleza do pensamento feito suspiro de terra seca num beijo de primeira chuva na melodia do sol-pôr dormindo num estuário de rugas cavadas de longas madrugadas

Não há poeta para a liberdade de criar sem algemas a majestade de um só verso feito sorriso de cristal

Não há poeta para tão serena harmonia da assilabada amargura do peso do tempo

Não há poeta para a nudez da vida perdida para lá de um rosto apagado de ilusões

Não há poeta para uma réstia de sol pousada nos olhos do silêncio entre a vida e a morte

Ilustração: Reprodução de um quadro de Adão Cruz

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